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Por Redação O Sul | 24 de abril de 2019
A possibilidade de privatização dos Correios avançou politicamente no governo, com sinais favoráveis do presidente Jair Bolsonaro ao ministro da Economia, Paulo Guedes. Mas a medida não deve ser vista como iminente, pois os estudos são ainda preliminares e não há qualquer decisão sobre de que forma esse processo será tocado – se efetivamente a ideia avançar. As informações são do jornal Valor Econômico.
No caso da Petrobras, as conversas sobre privatização total da empresa são ainda mais incipientes, embora a percepção interna no governo é que a hipótese tenha ganhado força a partir dos problemas evidenciados na crise do diesel. De qualquer forma, por ora prevalece o plano original de vender partes da estatal petrolífera que não estejam relacionadas ao seu escopo principal, de exploração e produção de petróleo.
O governo já dispõe de relatórios amplos sobre a situação dos Correios, pelo menos no âmbito da área econômica, que servirão para embasar futuras decisões sobre o destino da companhia.
O Valor apurou que o sinal favorável do presidente para avançar nas discussões de eventual venda dos Correios foi o que levou Guedes a dar a declaração à GloboNews na semana passada de que uma estatal estaria sendo considerada por Bolsonaro para ser vendida (ele não citou abertamente a empresa, embora estivesse se referindo aos Correios). A visão é que houve nas últimas semanas aumento de “massa crítica” em favor da venda dessa e de outras estatais.
Ainda assim, as tratativas nessa direção estariam apenas no início, dependendo de um aval político mais firme e definitivo para que comecem a efetivamente ser realizados estudos sobre qual modelo de privatização será adotado
Pelo menos neste momento não se espera que o processo de venda da estatal avance tão rapidamente a ponto de ser concluído neste ano. Até porque a leitura é que a empresa é muito grande, tem capilaridade e envolve muitos funcionários e flancos de resistência no governo, o que torna complexo qualquer tipo de desestatização.
No outro lado da Esplanada dos Ministérios, o ministro da Ciência e Tecnologia (MCTIC), Marcos Pontes, que comanda a pasta à qual os Correios estão subordinados, mantém uma postura cautelosa. Ele não se opõe aberta e ferozmente à privatização, mas exige cautela no processo. Ontem, houve uma reunião interna no MCTIC para tratar do tema. Pontes já declarou recentemente que pretende tomar uma “decisão responsável” sobre o tema, a partir de um diagnóstico que ainda estaria sendo realizado pela sua equipe. Procurado, o ministro não se manifestou.
Como o processo dos Correios ainda está em fase inicial, nenhuma hipótese pode ser descartada, como privatização parcial – abertura de capital ou atração de parceiro privado – ou total da empresa. Este último caso seria a opção preferida do ministro da Economia, que quer reduzir ao máximo o tamanho do Estado. Caso caminhe para outras opções, o governo terá que avaliar como proceder, por exemplo, em relação à inclusão ou não da empresa no Plano Nacional de Desestatização (PND).
Tanto no caso dos Correios como no da Petrobras, há uma percepção na área econômica de que o episódio do diesel, que gerou muito desgaste para o presidente da República, teria fortalecido internamente no governo o ambiente para privatizações.
A visão é que, ao transferir essas atividades para investidores particulares, há menos risco político para o presidente, que acabaria sendo menos acionado para arbitrar questões como os preços de combustíveis.
Enquanto não há uma solução sobre como agir em relação aos Correios, a prioridade continua sendo resolver questões que já estão mais avançadas, como a privatização da Eletrobras – cuja batalha é realizar o processo neste ano e gerar recursos primários para o caixa federal – e as vendas de subsidiárias de empresas estatais, incluindo as da Petrobras.
No caso da estatal do setor elétrico, ainda há esperança de se concluir o processo de venda neste ano, apesar de os recursos decorrentes da venda da companhia já terem sido retirados das projeções de receitas para o ano.