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Por Redação O Sul | 23 de dezembro de 2016
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, acusou o deputado Arthur Lira (PP-AL) de adotar medidas protelatórias para arrastar o inquérito em que é investigado pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro na Operação Lava-Jato. O parlamentar recorreu até mesmo a um perito particular para produzir um laudo que simplesmente não corresponde à realidade, segundo a PGR (Procuradoria-Geral da República).
A perícia contratada argumenta que o deputado não conseguiu abrir arquivos eletrônicos que integram o processo. Janot, porém, pediu testes das mídias na PGR que mostraram o contrário: os arquivos não têm problemas e podem ser acessados normalmente.
Em setembro de 2015, Janot apresentou denúncia no Supremo Tribunal Federal contra o deputado, que na ocasião presidia a Comissão de Constituição e Justiça, a mais importante da Câmara. Outras duas pessoas foram denunciadas na época: seu pai, o senador Benedito de Lira (PP-AL), e o empreiteiro Ricardo Pessoa, da construtora UTC, que se tornou delator na Lava-Jato. Segundo documento protocolado pelo procurador-geral em 12 de dezembro de 2016, Benedito de Lira e Ricardo Pessoa não demoraram para apresentar suas respostas escritas à acusação. Arthur de Lira, porém, não fez o mesmo.
Segundo Janot, ele “adotou postura claramente procrastinatória, requerendo o acesso a diversos elementos relacionados ao caso, antes de apresentar sua defesa inicial, vindo efetivamente a atingir seu objetivo, uma vez que já se passaram um ano e três meses desde o oferecimento da denúncia, sem que se tenha ainda analisado sua admissibilidade”. Quando finalmente apresentou uma resposta à acuação, juntou também o laudo que aponta problemas nos arquivos eletrônicos.
Pierpaolo Bottini, advogado Lira, negou que seu cliente adote práticas protelatórias, tanto que já apresentou sua defesa. “Ocorre que uma das mídias apresentadas pelo Ministério Público não podia ser aberta, como demonstrado por perícia. O réu tem o direito de conhecer todos os documentos que instruem a acusação”, informou o defensor. (AG)