Quinta-feira, 23 de outubro de 2025
Por Redação O Sul | 14 de abril de 2020
Em seu quadro mais grave, o vírus Sars-Cov-2 pode comprometer em grande parte da área pulmonar. Quem não tem parte do órgão ou o tem comprometido por outras enfermidades pode ter um quadro agravado de Covid-19, afirma André Nathan Costa, pneumologista do Núcleo de Doenças Pulmonares e Torácicas do Hospital Sírio-Libanês.
A pneumonia causada pelo novo coronavírus se caracteriza por grau elevado de inflamação e piora rápida do quadro, o que faz com que a pessoa dependa do uso de aparelhos respiradores por um período mais prolongado.
Margareth Dalcolmo, pneumologista da Escola Nacional de Saúde Pública da Fiocruz, referência na área, afirma que a pneumonia provocada pelo novo coronavírus tem caráter misto, afetando tanto os alvéolos pulmonares, nos quais ocorrem as trocas gasosas, quanto os interstícios, regiões situadas entre vasos e alvéolos.
Diante da falta de testes específicos, o diagnóstico da Covid-19 tem sido feito por meio de tomografias computadorizadas e do histórico clínico do paciente. Embora nem todos os casos de pneumonia necessitem de internação, diz a médica, quando isso ocorre, o quadro dos pacientes tem surpreendido de forma negativa.
“O Sars-Cov-2 causa uma pneumonia com grau de inflamação nos pulmões enorme. Nesse processo, existe uma porção de substâncias que são protetoras do pulmão e perdem sua função no processo inflamatório, que é muito agressivo e, às vezes, muito rápido e generalizado também”, diz Dalcolmo, habituada a tratar casos graves de pneumonia bacteriana e por outros vírus, como H1N1.
André Nathan acrescenta que o novo coronavírus destrói as células que revestem os alvéolos e causa lesões pulmonares, que, nas síndromes de desconforto respiratório agudo, são chamadas de “dano alveolar difuso”.
“A resposta do corpo contra o vírus é totalmente diferente em relação à bactéria e a lesão alveolar é muito mais grave”, diz.
O tratamento também é diferente. No caso da pneumonia bacteriana, é possível tratar o paciente por meio antibióticos, enquanto nas virais, exceto no caso da H1N1 – para qual há um antiviral eficiente, o oseltamivir, conhecido comercialmente como Tamiflu –, não há remédios específicos.