Quinta-feira, 18 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 10 de agosto de 2018
A CNA (Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil) ingressou com um novo pedido no STF (Supremo Tribunal Federal) para suspender o tabelamento dos preços mínimos do frete pelo governo federal, sancionado pelo presidente Michel Temer.
O setor mencionou custos bilionários com a imposição do tabelamento do frete rodoviário, instituído após a paralisação dos caminhoneiros em maio, ressaltando ainda que a lei elevará os custos dos alimentos, além de ameaçar reduzir a produção agrícola em áreas distantes dos grandes centros.
A CNA informou ter formalizado no STF um aditamento à ADI (Ação Direta de Inconstitucionalidade) 5959, protocolada em junho pela entidade para acabar com a eficácia da MP (Medida Provisória) 832, que criou a tabela de frete para o transporte rodoviário. A lei originária da MP foi publicada na última quinta-feira no Diário Oficial da União.
“A CNA é contrária a qualquer tabelamento por entender que a medida fere a livre concorrência, além de trazer prejuízos à população. Desta forma, a Confederação alega que a lei é inconstitucional”, reiterou a organização em comunicado. “A lei trouxe questões acessórias que tornam a intervenção estatal até mais patente e inconstitucional.”
Audiência pública
A manifestação da entidade ocorre antes de uma audiência pública convocada para o dia 27 deste mês pelo ministro Luiz Fux, relator das ADIs no STF. Fux deverá se posicionar sobre a tabela do frete após a audiência, mas a CNA defende a análise imediata da medida cautelar e a suspensão do tabelamento até a data do debate.
Por meio de um estudo recente, a CNA estimou um aumento médio de 12,1% no preço de alimentos como arroz, carnes, feijão, leite, ovos, tubérculos, frutas e legumes, que representam mais de 90% da cesta básica.
Em manifestação paralela assinada por outras entidades do agronegócio, como Abiove, Anec e Aprosoja, o setor afirma que outros produtos como gasolina e diesel também ficarão mais caros. A Anec (Associação Nacional dos Exportadores de Cereais) afirma que o setor, que opera com margens baixas própria do negócio de commodities, tem sido altamente prejudicado.
“O ponto central do nosso setor, no Brasil, é a logística. É onde as empresas conseguem ganhar algum dinheiro. Com a tabela de fretes, isso acaba com a rentabilidade das companhias”, ressaltou o diretor-geral da Anec.
Segundo a Abiove (Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais), os primeiros cálculos apontam que o tabelamento acarreta alta de custos da ordem de R$ 73,9 bilhões sobre o conjunto da economia, valor superior ao investimento anual do país em infraestrutura.
Para a Abiove, que representa tradings e processadoras de soja, o principal produto de exportação do Brasil, que lidera nas vendas globais da oleaginosa, os custos gerados pela tabela serão pagos por toda a sociedade brasileira, em especial as pessoas de mais baixa renda.
A competitividade internacional de produtos do Brasil, um dos maiores exportadores commodities agrícolas do mundo, também é colocado em xeque pela tabela de fretes, ressaltou a ABPA, entidade que representa exportadores de carne de frango, outra mercadoria que o país detém a liderança no cenário global.
“A questão logística, que já é um entrave para a capacidade produtiva nacional, passou a ser um fator de retenção de negócios. Com o menor fluxo produtivo, os custos da nova tabela poderão desencadear impactos na manutenção dos postos de trabalho e causar inflação”, disse a ABPA.