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Tito Guarniere Rótulos ideológicos

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O mundo ficou pequeno para se dizer que alguém é de esquerda ou de direita, conservador ou progressista. (Foto: Reprodução)

As rotulagens ideológicas, faz tempo, não querem dizer mais nada. O mundo ficou pequeno para se dizer que alguém é de esquerda ou de direita, conservador ou progressista.

Mas ainda dá o maior ibope nos redutos de esquerda. Os seus seguidores sempre se orgulharam de ser “da esquerda”. A esquerda, no imaginário dos seus adeptos, é o lugar de defesa dos oprimidos, da solidariedade social, da justiça. E a direita o lugar dos opressores, do egoísmo, do desprezo pelo sofrimento dos outros.

Claro, isso tudo é teórico, é narrativa. Na vida real, demora-se muito – eu demorei – para descobrir que as coisas não estão assim dispostas, com tanta clareza e simetria. Com o tempo se descobre – e depois as evidências não param de confirmar – que há nuances, que os sentimentos se misturam, que um esquerdista pode ser tão avarento em relação aos seus bens, às vantagens de que usufrui, quanto o mais empedernido dos direitistas. O homem, o ser humano, é uma criatura só – nós temos defeitos incontornáveis, nós todos reagimos com indignação quando ameaçam nossos pertences, interesses, privilégios.

Não há nenhum grupo social, econômico, político, não há nenhuma classe que detenha a superioridade moral em relação aos outros.

A esquerda parece focada nos mais pobres, nos desvalidos da terra. Parecem mais comprometidos com a justiça social, com a distribuição mais equitativa dos bens. Mas sejamos francos: na esmagadora maioria das vezes tudo se resume a formulações teóricas, ao nível de intenções supostas e da enunciação de objetivos meritórios.

Alguém é a favor da pobreza? Da desigualdade social?

É uma narrativa extravagante que a direita, os ricos conspiram para a permanência da pobreza e dos pobres. Se tem algo que desejam – o empresário ativo, o produtor de bens e serviços no topo do negócio – é que se amplie ao máximo o mercado de consumo, vale dizer, que se reduza ao máximo os níveis de pobreza. Isso é, por assim dizer, uma lei da economia, de invencível pertinência.

(Não se excluam, entretanto, a existência de uma minoria de trogloditas e sociopatas que não pensam assim).

Ah, mas os ricos, os empresários, os capitalistas querem ganhar mais dinheiro. Sim. Mas é lenda que eles querem fazê-lo à custa da manutenção da pobreza, à custa dos pobres. Mantida a pobreza em um dado estágio, eles não poderão ampliar os seus negócios, não ficarão mais ricos, nem usufruir em paz e segurança a sua riqueza.

A questão de vencer a pobreza e distribuir de forma mais equitativa a renda não é apenas uma questão moral. É uma questão de eficiência. Trata-se de saber como, de que forma, por quais mecanismos mais eficientes nós vamos promover a criação de empregos e renda.

Nesse sentido, a produção dos bens e serviços (a riqueza) antecede a sua distribuição. Se tomarmos todo o PIB do Brasil e dividirmos por todos os brasileiros, vamos ter 213 milhões de pobres.

Declarações a favor do bem, da verdade e da justiça todos somos capazes de fazer. Mas superar as nossas mazelas, criar renda, riqueza, emprego, exigem bem mais do que isso. Os rótulos confundem, não ajudam em nada.

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