Sexta-feira, 29 de março de 2024

Porto Alegre

CADASTRE-SE E RECEBA NOSSA NEWSLETTER

Receba gratuitamente as principais notícias do dia no seu E-mail ou WhatsApp.
cadastre-se aqui

RECEBA NOSSA NEWSLETTER
GRATUITAMENTE

cadastre-se aqui

Tito Guarniere Racismo estrutural

Compartilhe esta notícia:

Antropólogo baiano Antônio Risério dos Santos. (Foto: Divulgação)

Gosto do antropólogo baiano Antônio Risério dos Santos – é inteligente e corajoso. É preciso ter topete – como ele – para enfrentar a causa do identitarismo, tão disseminada ela está nas redações, nos cursos de ciências sociais, na pauta da esquerda ou parte dela.

É desconfortável ver-se, de repente, como sendo de direita, senão da extrema-direita, até como bolsonarista, se não assinar na íntegra todas e cada uma das concepções ora ordenadas como sendo a pauta do progressismo.

Mas Risério parece gostar da polêmica e não se rende, não importa quantas reações ele é capaz de provocar. Cerca de 186 jornalistas da Folha assinaram um manifesto contra ele, dizendo-o racista, possivelmente capaz de esconder o rosto com um daqueles cones brancos da KKK.

Não é assim que vejo as intervenções de Risério. Elas se dão a partir de uma prévia e inegociável consideração – o racismo é uma conduta odiosa e a escravidão “uma instituição moralmente repugnante”.

O que ele defende, no artigo que deu origem à polêmica, é que existe racismo de pretos contra brancos, e que, mesmo em escala infinitamente menor, deve ser condenado – “o mesmo microscópio deve esquadrinhar todo e qualquer racismo, venha de onde vier”.

Risério também discorda da existência de um “racismo estrutural”. Ora, os que acham que existe têm suas razões, mas não têm o monopólio da verdade justa. Não é a mesma coisa que dizer que a terra é redonda ou que a vacina funciona contra a Covid. Trata-se – com os méritos que possa ter – de uma categoria de análise, uma perspectiva sociológica, mas não da verdade estabelecida.

Dito assim, Risério – e quem mais seja – tem o direito de defender o seu ponto de vista. Os adeptos do racismo estrutural não são tão claros, tão definitivos, quanto pensam que são.

No racismo estrutural, o racismo só se dá quando há uma relação de poder, e somente de opressores para oprimidos. Os opressores estão bem definidos: são os brancos. Que brancos? Todos eles, incluindo os pobres e também oprimidos. Todos os brancos carregam, na cor da pele, a culpa original. É como o pecado original dos católicos, mas sem o batismo para redimir.

Assim, reza a cartilha – fora da qual não há salvação – que todo aquele que contesta, duvida, enxerga nuances na teoria do racismo estrutural, quando menos não passa de um racista enrustido.

Deve haver um lugar de combate ao racismo, à discriminação e ao preconceito, sem que sejamos obrigados a subscrever os dogmas de teorias engendradas por seres humanos iguais a nós outros, que se expressam com ar professoral e que (frequentemente) se atribuem uma superioridade moral que não possuem.

Deve existir um lugar em que possamos exercitar, à nossa maneira, o empenho honesto de dedicar aos nossos semelhantes um tratamento amoroso, compassivo e respeitoso, sem dedos acusadores que acusem o nosso esforço de insuficiente.

Na luta contra o racismo, deve haver um lugar justo, em que ninguém seja compelido a assinar manifestos que, além de tudo, resultam na prática do cancelamento, da supressão da liberdade de opinião e pensamento, da censura abominável.

Compartilhe esta notícia:

Voltar Todas de Tito Guarniere

Rótulos ideológicos
Visão pessimista e conflitiva
https://www.osul.com.br/racismo-estrutural/ Racismo estrutural 2022-01-29
Deixe seu comentário
Pode te interessar