Quarta-feira, 16 de julho de 2025
Por Redação O Sul | 30 de maio de 2022
A estatal holandesa GasTerra, que compra e comercializa gás em nome do governo nacional, não receberá mais gás da russa Gazprom a partir desta terça-feira (31), depois de se recusar a aceitar as exigências de Moscou de pagar pela energia em rublos, segundo informaram as duas empresas nesta segunda.
A GasTerra disse que contratou de outra empresa os 2 bilhões de metros cúbicos (bcm) de gás que esperava receber da Gazprom até outubro. A empresa é 50% de propriedade de entidades governamentais holandesas e os outros 50% são divididos pela metade entre a Shell e Exxon.
“Entendemos a decisão da GasTerra de não concordar com as condições de pagamento impostas unilateralmente pela Gazprom”, escreveu o ministro da Energia holandês, Rob Jetten, no Twitter. “Esta decisão não terá consequências para a entrega física de gás às residências holandesas.”
Em um comunicado, a GasTerra disse que a empresa holandesa decidiu não adotar o sistema exigido pela Rússia, que envolvia a abertura de contas que seriam pagas em euros e depois trocadas por rublos. A medida foi adotada pelo governo da Rússia em uma medida de tentar proteger sua economia em meio às diversas sanções impostas por governos ocidentais como resposta à invasão da Ucrânia.
A GasTerra disse que tais medidas podem violar as sanções da União Europeia (UE) e também afirmou que a rota de pagamento apresenta muitos riscos financeiros e operacionais.
Um comunicado da Gazprom disse que a suspensão do fornecimento de gás à GasTerra continuará até que os pagamentos sejam liquidados de acordo com o esquema proposto pela Rússia. A empresa acrescentou que pediu repetidamente à Gazprom que cumprisse seus métodos de pagamento contratuais e suas obrigações de entrega.
“Não é possível dizer de antemão que impacto a queda de 2 bcm de gás russo terá na situação de oferta e demanda no mercado europeu”, acrescentou a empresa holandesa.
Rede de gás da Europa
Alguns países têm opções alternativas de fornecimento, e a rede de gás da Europa está conectada para que os suprimentos possam ser compartilhados, embora o mercado global de gás estivesse apertado mesmo antes da crise na Ucrânia.
A Alemanha, um dos maiores consumidores de gás russo da Europa e que suspendeu a certificação do novo gasoduto Nord Stream 2 da Rússia por causa da guerra na Ucrânia, poderia importar gás do Reino Unido, Dinamarca, Noruega e Holanda por meio de gasodutos.
A Equinor da Noruega disse que tentará produzir mais gás de seus campos noruegueses durante o verão na Europa, uma temporada em que a manutenção normalmente reduz a produção.
O Sul da Europa pode receber gás azeri através do Gasoduto Trans Adriático para a Itália e o Gasoduto Transanatólio de Gás Natural (TANAP) através da Turquia.
Os Estados Unidos trabalharão para fornecer 15 bilhões de metros cúbicos de gás natural liquefeito (GNL) à UE este ano, disseram os parceiros transatlânticos.