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Saúde Saiba como as coisas eram no tempo em que não existia a palavra “lésbica”

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Sharon Marcus descreve a evolução dos relacionamentos entre mulheres da Inglaterra vitoriana até os dias de hoje. (Crédito: Reprodução)

Para a americana Sharon Marcus, especialista em literatura e cultura britânica e francesa do século 19 e estudos de gênero, a “sexualidade é sempre reprimida”. Diante dessa constatação e observando que a homossexualidade feminina sempre foi notada na sociedade – mas que a categoria “lésbica” só foi evidenciada no século 20 –, Sharon concedeu a entrevista a seguir para abordar a evolução dos relacionamentos entre mulheres da Inglaterra vitoriana até os dias de hoje.
Como eram os relacionamentos entre as heroínas vitorianas e as outras mulheres?

Sharon Marcus – Nos romances vitorianos, uma heroína sem amigos do sexo feminino tinha dificuldade em encontrar marido. A capacidade para cultivar amizades com outras mulheres a tornou mais feminina. Logo, mais apta a casar. Eles deram muito mais centralidade social às amizades femininas do que fazemos hoje.

 

Nesta Inglaterra vitoriana, carregada de erotismo, as relações entre as mulheres não eram necessariamente vistas como lesbianismo ?

Sharon – A categoria “lésbica” só entrou em circulação geral no século 20, popularizada pela sexologia e psicanálise. Naturalmente, as pessoas tinham conhecimento de mulheres que faziam sexo com outras ao longo dos séculos. Achei muitos exemplos de mulheres vitorianas que viviam em relacionamentos homossexuais, muitas vezes descritos como casamentos.

 

O que tornava a coisa ainda mais proibitiva, não?

Sharon – Apesar de pessoas do mesmo sexo não poderem se casar legalmente, estes casais do sexo feminino compravam propriedades em conjunto, adotavam crianças em comum acordo. Essas mulheres nunca esconderam a predileção pelo sexo feminino, só que não se denominavam lésbicas.

 

Você tem uma relação amorosa vitorianamente viável?

Sharon – Estou em uma relação de amor há 16 anos com Ellis Avery. Os vitorianos teriam nos chamado de “amigas muito especiais”, o sexólogo Havelock Ellis de “invertidas”, e, hoje, nos referimos a nós mesmas como lésbicas. Dois anos atrás nos casamos, então, agora também somos cônjuges.

 

Seu trabalho mais recente detalha essas modalidades?

Sharon – Sim, meu último livro, “Entre Mulheres: Amizade, Desejo e Casamento na Inglaterra Vitoriana”, disponível em espanhol, trata sobre muitos tipos de relações entre mulheres na Inglaterra entre 1840 e 1880. Usando pesquisas em diários, memórias, literatura, conselhos e romances, descobri que os vitorianos viam o casamento heterossexual e a amizade entre as mulheres como interdependentes e igualmente importantes.

 

Faz tudo soar natural e viável… mas como as pessoas lidavam com a repressão?

Sharon – A sexualidade é sempre reprimida. E isso pode ser uma espécie de definição eficaz.
Se não for reprimido então não é sexualidade?

Sharon – Você pode argumentar isso. Contudo, alguns aspectos da sexualidade em determinado momento no tempo e para certa pessoa podem ser reprimidos, mas não significa que todos os impulsos eróticos são. O que, por exemplo, causava mais problema era uma mulher não querer se casar com um homem.

 

Em meados do século 20, gays foram tachados de comunistas, pervertidos, pedófilos, assassinos. Aonde vamos?

Sharon – Nos últimos 30 anos, vimos um incrível progresso em matéria de direitos. Isto se deve ao fato de gays se tornarem ainda mais abertos sobre quem são, mas é preciso mais aceitação. A homofobia persiste, os transexuais ainda enfrentam muita violência, e os bissexuais continuam discriminados de um lado e de outro.

 

Em que está trabalhando?

Sharon – Em uma história de celebridades antes de Hollywood e da internet. Concentro-me na atriz francesa Sarah Bernhardt, a mulher mais famosa do século 19, que, inclusive, visitou o Brasil. O público do século 19 exaltava as atrizes por inteligência, habilidade e dedicação, tanto quanto por sua beleza e sensualidade. (AG)

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