Domingo, 28 de abril de 2024

Porto Alegre

CADASTRE-SE E RECEBA NOSSA NEWSLETTER

Receba gratuitamente as principais notícias do dia no seu E-mail ou WhatsApp.
cadastre-se aqui

RECEBA NOSSA NEWSLETTER
GRATUITAMENTE

cadastre-se aqui

Geral Saiba o que pode acontecer se Israel e Hamas descumprirem resoluções do Conselho de Segurança da ONU

Compartilhe esta notícia:

Conselho de Segurança da ONU conseguiu aprovar na quarta-feira (15) uma resolução sobre a guerra entre Israel e o Hamas. (Foto: Reprodução)

Após mais de um mês de guerra e cinco tentativas, inclusive por parte do Brasil, o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) conseguiu aprovar na quarta-feira (15) uma resolução sobre a guerra entre Israel e o Hamas.

A aprovação, no entanto, não significa o fim do impasse do conselho sobre a guerra. O desafio agora é garantir que os atores envolvidos nela – o governo de Israel e o grupo terrorista – cumpram as determinações exigidas no texto da ONU.

Isso porque, embora as resoluções do Conselho de Segurança sejam juridicamente vinculativas, na prática acabam ignoradas por muitos países.

A resolução aprovada, redigida por diplomatas de Malta, foi a que adotou um tom mais enfático: substituiu verbos como “apelar” por “exigir”.

O mecanismo, segundo fontes da diplomacia brasileira na ONU ouvidas pelo portal de notícias G1, foi utilizada justamente para aumentar a pressão sobre Israel e Hamas.

“O Conselho de Segurança…exige que todas as partes cumpram suas obrigações nos termos do direito internacional, incluindo o direito internacional humanitário, especialmente no que diz respeito à proteção de civis, especialmente crianças”, diz o texto.

No entanto, segundo os mesmo diplomatas, há possíveis consequências de caráter moral. Ao não adotar as medidas exigidas pela resolução – como uma pausa humanitária e mecanismos para garantir a proteção de crianças em Gaza – Israel entra em descumprimento internacional.

Como a Palestina não é citada na resolução, não há previsão de sanções nesse caso. O texto menciona o Hamas, grupo terrorista que controla a Faixa de Gaza, um dos dois territórios palestinos.

Sobre o Hamas, a avaliação é que a resolução de Malta coloca pressão sobre o grupo ao citá-lo no texto – esta foi a primeira proposta de resolução a fazer isso.

E que o descumprimento – neste caso, da entrega dos reféns – pode ter consequências para a futura denominação do grupo, que, na ONU, não é classificado como terrorista.

Os diplomatas ouvidos pelo portal de notícias G1 disseram ainda que o texto frisa que ambos os lados devem “observar as regras de direito humanitário internacional”

Não sendo reconhecido pela ONU como um interlocutor, o Hamas não poderia ser sancionado, mas há alternativas, explica Roberto Menezes, professor do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Brasília (IRel/UnB).

“Uma vez que o objetivo da resolução é fazer parar a máquina de guerra de Israel e a incursão militar na faixa de Gaza, o Conselho de Segurança pode impor a paz através do envio de tropas (capacetes azuis) sob o mandato da ONU”, afirmou.

Embora seja uma possibilidade, o envio de capacetes azuis não está em debate e não é citado na resolução.

O Conselho de Segurança poderia, ainda, impor um embargo de armas para toda a Palestina, diz Menezes. “Isso afetaria diretamente o Hamas. Nenhum país poderia vender ou fornecer armas para a região do conflito. O país que violasse o embargo poderia sofrer sanções, é gravíssimo.”

No caso de Israel, o status de descumprimento internacional pode afetar negativamente o país em decisões futuras, e prejudicar relações diplomáticas.

“(O descumprimento das resoluções) gera um mal-estar pelo descumprimento das normativas internacionais. Pode gerar também sanções políticas e morais, a piora das relações diplomáticas”, disse ao portal de notícias G1 a ex-juíza do Tribunal de Haia Sylvia Steiner – a única brasileira a integrar até hoje a Corte Internacional.

Um dos grandes gargalos é que Israel costuma ser apoiado pelos Estados Unidos, que, no Conselho de Segurança, têm poder de vetar qualquer resolução – o país é um dos cinco membros permanentes do conselho e, pelas normas, esses países têm poder de, sozinhos, vetar totalmente uma proposta, independentemente do número de votos favoráveis a ela.

“Uma resolução não tem força coercitiva. O que é mais falho no sistema jurídico internacional é exatamente o mecanismo de sanções. Ainda é muito difícil impor uma obrigação. Israel, por exemplo, já foi condenado pela Corte de Haia pela construção do muro (entre seu país e a Cisjordânia) e não deu a menor satisfação”, afirmou Steiner.

Como Israel é signatária de protocolos da ONU que protegem a população civil em áreas de guerra, a diplomacia do Conselho de Segurança está tentando pressionar também por essa via.

“A percepção de que o Conselho de Segurança da ONU é incapaz de agir de forma eficaz pode reduzir o custo percebido de iniciar um conflito para os Estados e outros atores. Em outras palavras, a falta de um mecanismo de dissuasão eficaz pode tornar os conflitos mais prováveis”, avaliou o Secretário do Comitê de Pesquisa da Ásia e do Pacífico da International Political Science Association (IPSA), Alexandre Coelho.

Na teoria, caso Israel descumpra a resolução, poderia ser sancionado por meio de outra resolução do Conselho de Segurança, mas é improvável que isso aconteça por causa do apoio norte-americano.

“O que os EUA poderiam fazer de mais contundente neste momento seria reconhecer o Estado Palestino. Isso seria mais importante do que as sanções e Biden está sendo pressionado para isso. Seria histórico e deixaria Israel sem chão. Mudaria totalmente o rumo da guerra”, afirma Menezes.

Essa opção também é pouco provável. Isso porque Biden está às vésperas de enfrentar as eleições presidenciais nos EUA. “Biden está mais preocupado com sua reeleição e em como manter o seu partido no poder.” As informações são do portal de notícias G1.

Compartilhe esta notícia:

Voltar Todas de Geral

Caso Ana Hickmann deve evocar as leis Maria da Penha e Henry Borel, afirma promotora de Justiça
Temporais em Santa Catarina deixam dois mortos, causam estragos e interditam rodovias
https://www.osul.com.br/saiba-o-que-pode-acontecer-se-israel-e-hamas-descumprirem-resolucoes-do-conselho-de-seguranca-da-onu/ Saiba o que pode acontecer se Israel e Hamas descumprirem resoluções do Conselho de Segurança da ONU 2023-11-17
Deixe seu comentário
Pode te interessar