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Cinema Saiba quem eram as superfêmeas

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Elas povoavam o imaginário masculino nos anos 70. (Foto: Reprodução)

Nos anos 70, elas povoavam o imaginário masculino, faziam as mulheres se roerem de ciúme e caracterizavam uma época em que se clamava por liberdade. Em pleno período da ditadura, com censores por todos os lados, Nicole Puzzi, Zilda Mayo, Zaira Bueno e Monique Lafond, entre outras, desafiavam os anos de chumbo mostrando o corpo a serviço da arte.

As musas da pornochanchada quebraram um paradigma, apesar do tom machista dos filmes, que mostravam as mulheres como simples objeto de desejo. “Se não fossem as mulheres, a pornochanchada não existiria no País”, avalia Nicole.

Para lembrar a época, o HBO está exibindo a série “Magnífica 70”, que mostra os bastidores da minissérie “Boca do Lixo”, famoso reduto de produções do gênero. Muitas vezes apontadas como atrizes pornôs, essas quatro mulheres contam o que guardam de bom e de ruim de uma era do cinema brasileiro que marcou muitas gerações.

Zilda Mayo, 63 anos No fim da adolescência, ela fez o filme “Ninguém Segura Essas Mulheres” em que entraria muda e sairia calada, com produção de Silvio Santos. Mas o diretor gostou dela e lhe deu uma única fala. Depois disso, virou telemoça do programa do “homem do baú”. Com uma beleza tipicamente brasileira, corpo bem torneado, foi chamada para dançar em uma boate. “Era um número em que ficava com os seios seminus. Mas quando o Silvio descobriu, me demitiu da TV”, lembra ela, que logo foi chamada para filmar a “Boca do Lixo”: “Fiz muitos amigos ali, era como uma família”.

Zilda Mayo. (Foto: Reprodução)

Zilda Mayo. (Foto: Reprodução)

Zilda Mayo. (Foto: Reprodução)

“Eu era tão ingênua que não percebia o quanto valia para o cinema.” (Foto: Reprodução)

A atriz é a recordista de longas da pornochanchada. Foram 42 filmes, entre eles, “A Dama do Sexo”, “Possuídas pelo Pecado” e “Fugitivas Insaciáveis”. “Nunca fiquei rica com a pornochanchada. Só descobri que valia muito bem mais tarde. Eu era tão ingênua. Estar de roupa ou sem roupa para mim era a mesma coisa.”

Ela diz ser alvo de preconceito até hoje: “Muita gente me encontra e diz: ‘Você era atriz pornô!’. Gente, eu nunca fiz sexo explícito. Perto do que passa na TV hoje, era programa de criança”. Hoje Zilda vive de algumas peças de teatro e até alguns meses atrás era a estrela de um stand-up comedy sobre a era da “Boca do Lixo”.

Nicole Puzzi, 57 anos – Ela não vê com bons olhos a produção de uma série que envolva a “Boca do Lixo”. Na verdade, perde as estribeiras ao falar sobre. “É um absurdo fazerem um programa que nos desrespeita. A personagem principal, uma atriz, é uma golpista. Nenhuma de nós foi chamada para dar consultoria ou fazer uma participação. Sem as mulheres, a pornochanchada não teria existido”, diz ela.

Nicole Puzzi. (Foto: Reprodução)

Nicole Puzzi. (Foto: Reprodução)

“Entrei na pornochanchada porque eu quis. Era transgressor.” (Foto: Reprodução)

“Entrei na pornochanchada porque eu quis. Era transgressor.” (Foto: Reprodução)

A atriz começou na indústria aos 17. “Falsifiquei os documentos. Entrei na pornochanchada porque eu quis. Nunca precisei. Meu pai era fazendeiro. Mas me encantei porque era transgressor”, justifica ela, que nunca viu problemas em ficar nua em cena: “O Walter Hugo Khoury era um cineasta genial, aquilo era uma revolução para a época. E sempre fui muito inteligente, não era bobinha. Sabia exatamente o que estava fazendo”.

Nicole é das poucas atrizes que conseguiu ganhar dinheiro com os filmes. “Não tinha, como hoje, empresário, agente, assessor. Mas eu sabia fazer valer meus direitos. Meu primeiro apartamento comprei com o dinheiro de ‘Ariella’”, pondera ela, citando seu longa-metragem mais famoso.
Ela conseguiu subverter a fama de atriz da pornochanchada e fez várias novelas e filmes em que não precisava se despir. Hoje apresenta o “Pornolândia” no Canal Brasil e diz que já não se sente cobrada e apontada: “Também quer saber? Não preciso da aprovação de ninguém. Eles que se danem!”

Zaira Bueno, 59 anos – Ela ainda se ressente de ter feito parte da época de ouro da pornochanchada. “Nem tão de ouro assim.” Bailarina formada, foi levada para a “Boca do Lixo” por David Cardoso. “Comecei assim como um gaiato em um navio. Dava aulas de balé e era modelo. Cardoso escolheu uma foto minha para o filme ‘A Ilha do Desejo’, de Jean Garret. Na época, não apareci sem roupa em cenas desse filme, mas depois fui meio que maria vai com as outras, e o respeito e a naturalidade da equipe técnica eram tão grandes, que achei muito natural fazer cenas de nudez”, recorda.

Zaira Bueno. (Foto: Reprodução)

Zaira Bueno. (Foto: Reprodução)

“Eu carreguei  um carma e carrego até hoje.” (Foto: Reprodução)

“Eu carreguei
um carma e carrego até hoje.” (Foto: Reprodução)

A atriz não guarda boas lembranças de produções como “A Noite dos Bacanais”, “Me Deixa de Quatro” ou “Tessa, a Gata”. “Eu sofri muito preconceito e, na época, tive que fazer terapia. Eu carreguei um carma e carrego até hoje, quando, com certeza, eu saberia escolher melhor os filmes que, na época, nem lia o roteiro. Sabia que a câmera iria estar em uma parte do meu corpo e não importava muito mostrar meu talento de atriz”, desabafa.

Zaira mora em Los Angeles (EUA), se tornou vegetariana, abriu um spa e faz parte de entidades que defendem os animais. Mantém o corpo com pilates e está lançando o livro “Um Banho de América”, no qual conta os bastidores da época do cinema e também dos perrengues que passou em outro país: “Depois de 18 anos ralando no exterior, em subempregos, agora venci. Sou empresária, dou emprego para várias americanas, tenho um spa superocupado no coração de Santa Mônica [EUA]. Venci por persistência”.

Monique Lafond, 61 anos – Ela não chegou a fazer parte da “Boca do Lixo”. Mas frequentava as produtoras e chegou a fazer uma participação em um dos longas da época. Na verdade, Monique não começou na pornochanchada, mas até hoje é associada à indústria. “Comecei no teatro, fui modelo, ganhei prêmio com ‘Eu Matei Lúcio Flávio’, mas o estigma de alguns filmes que fiz foi maior”, avalia.

Monique Lafond. (Foto: Reprodução)

Monique Lafond. (Foto: Reprodução)

“Ainda sofro preconceito. E nunca fiz um nu frontal!” Foto: Reprodução

“Ainda sofro preconceito. E nunca fiz um nu frontal!” (Foto: Reprodução)

A atriz diz ter certos arrependimentos. Mesmo tendo sido uma das estrelas preferidas de Walter Khoury. “A gente não lia os roteiros, aliás, o Walter nem tinha roteiro, a coisa era ali, no meio do set, a gente ia construindo a cena”, conta ela, que fazia apenas uma objeção ao atuar: não aparecer totalmente pelada. “Teve um filme, o ‘Giselle’”, que o Carlo Mossy me chamou para uma participação. Era uma médica, lésbica e a cena tinha um contexto. Filmei e pronto. Mas quando vi o filme no cinema, pronto, quis morrer e sair correndo. Eu aparecia de toalha apenas, mas tinha cena com atrizes transando com cavalos! Me senti lesada”.

Hoje, Monique dá aulas de teatro no Rio para alunos de todas as idades, e acaba de gravar uma série, “República do Peru”, ao lado de Lady Francisco e Lúcia Alves para a TV Brasil. “Sinto que existe uma resistência em me chamarem para trabalhos na televisão. Mesmo tendo feito muitas participações e papéis. Tudo mudou, os diretores são outros, e muitos jovens não conhecem meu trabalho. Só têm a referência da pornochanchada. Ainda sofro preconceito. E nunca fiz um nu frontal!” (Leonardo Ferreira/AG)

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https://www.osul.com.br/saiba-quem-eram-as-superfemeas/ Saiba quem eram as superfêmeas 2015-05-30
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