Terça-feira, 22 de julho de 2025
Por Redação O Sul | 15 de outubro de 2018
Os mais jovens entre as novas caras da Câmara dos Deputados não querem ser figurantes no Legislativo que será empossado no ano que vem. Apesar da pouca idade – seis dos 513 candidatos eleitos para deputado federal têm até 24 anos – planejam ocupar espaços e, quem sabe, até a presidência da Casa.
Aos 24 anos, o advogado Enrico Misasi (PV-SP) foi eleito deputado federal de São Paulo defendendo reformas institucionais e no sistema político. Foi na faculdade que descobriu que “queria fazer a diferença” e colocar novas ideias em prática. Para ele, nesta eleição o “novo” tornou-se um desejo do eleitor, e isso facilitou a campanha e mostrou também que “as pessoas estão com esperança”. Enrico, que faz mestrado em Direito Constitucional, propõe mudança no atual regime de governo presidencialista para um sistema semipresidencial.
“É ótimo que tenha renovação, mas precisamos também que novas práticas. São duas coisas principais, primeiro separar a chefia de Estado e a chefia de governo. Esse nosso sistema é fruto de muitas crises. É preciso cometer um crime para tirar o presidente. Defendo também o voto distrital. O que vai começar acontecer é a diminuição do número de partidos, o que é também fundamental”, afirma o jovem paulista.
Com diploma em Harvard (EUA) em Ciências Políticas e Astrofísica, a estreante Tábata Amaral (PDT-SP), de 24 anos, foi a sexta mais bem votada em São Paulo. Para ela, que é um dos líderes formados pelo RenovaBR e coordena também o Acredito, com o apoio dos movimentos, diálogo constante com a população por meio das redes sociais e gabinete itinerante, é possível fazer política de forma forma “diferente”. O foco inicial será em defesa da reforma da educação, reforma da carreira do professor e do ensino médio.
“Eu me vejo parte de uma bancada da renovação, parte de uma bancada da educação, de uma bancada que quer o combate das desigualdades e fim dos privilégios”, afirmou.
Embora novos no Congresso, três dos jovens eleitos vêm de família de políticos. Também estará na Câmara na próxima Legislatura, o jovem engenheiro João Campos (PSB), filho de Eduardo Campos, morto no acidente aéreo em 2014 durante a disputa eleitoral. Ele foi o deputado federal mais bem votado da história do estado de Pernambuco. Neto de Miguel Arraes, que foi três vezes governador do estado, João adotou na campanha o slogan ” filho da esperança”.
A “caçula”
A paranaense Luísa Canziani (PTB), 22 anos, desde adolescência acompanha a carreira do pai, o deputado federal Alex Canziani (PTB-PR), que exerce o quinto mandato consecutivo na Casa, mas perdeu neste ano a eleição para o Senado. Luísa faz faculdade de Direito e deve se formar no próximo ano. Eleita com 90 mil votos, ela admite que a carreira do pai a ajudou na campanha e seguirá em defesa da mesma bandeira, da educação:
“Educação sempre foi a bandeira do meu pai. Eu sempre sonhei em me candidatar. Estou na vida pública agora e a trabalhar pela inovação tecnológica. Minha linha será por uma educação 4.0, gamificação, para preparar as pessoas para novas profissões. A gente precisa de parlamentares que tenham compromisso com o futuro. É um crime termos um percentual tão pequeno de jovens na universidade”.
Também seguindo o DNA paterno para a política, Emanuel Pinheiro Primo, o Emanuelzino (PDT-MT), atuou na liderança jovem do partido e daí decidiu partir para a vida pública. Em sua primeira disputa, avalia que o resultado das urnas foi um grande recado da população em busca “do novo”. Em casa ele tem um exemplo de como não se deve fazer política. O pai é o o atual prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro (MDB), que apareceu em um vídeo recebendo suposto dinheiro de propina. Quanto ao caso, Emanuelzinho diz o pai terá oportunidade de se defender e provar sua inocência.
“Confio no meu pai e acredito no caráter dele. E como homem público, tem o dever de se explicar perante a justiça. Quanto a mim, quero construir a minha história com o povo de Mato Grosso”, diz o novo deputado, destacando que o desafio do mandato será interagir com seus eleitores para que eles possam contribuir com o mandato e também fiscalizar seu trabalho.