Quinta-feira, 01 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 9 de novembro de 2020
A promessa belicosa do presidente Donald Trump de lutar contra o resultado da eleição nos tribunais colidiu com juízes céticos, uma assustadora matemática no Colégio Eleitoral e a falta de evidências para suas alegações de fraude.
Na última sexta-feira (6), dia que começou com a contagem de votos na Geórgia e Pensilvânia inclinando-se a favor de Joe Biden, a campanha de Trump declarou: “Esta eleição não acabou”, enquanto o Comitê Nacional Republicano anunciou que havia ativado “equipes de contestação legal” em Arizona, Geórgia, Michigan e Pensilvânia. E as forças de Trump nomearam um novo general para liderar o esforço, o veterano combatente político conservador David Bossie. Trump já reiterou que contestará judicialmente os resultados .
Mas nenhuma das cerca de uma dúzia de ações judiciais que eles abriram em Estados cruciais nas eleições parecia estar ganhando força nos tribunais. Em todo caso, não parecia provável que nenhuma desse a Trump a vantagem de que ele precisaria na contagem de votos.
Na tentativa de fomentar a dúvida generalizada sobre a legitimidade da eleição, Trump e seus representantes pareciam menos focados em argumentos jurídicos substantivos que poderiam se sustentar nos tribunais do que em apoiar a narrativa política do presidente, não sustentada pelos fatos, de que ele estava de alguma forma sendo roubado de um segundo mandato.
O passo de maior visibilidade veio quando os republicanos da Pensilvânia pediram à Suprema Corte dos EUA para intervir e exigir que os funcionários eleitorais do Estado separassem as cédulas que chegaram após o dia da eleição e não as incluíssem no total de votos no maior e mais crítico dos Estados decisivos. Na noite de sexta, o juiz Samuel Alito concordou com o pedido.
Mas a mudança foi quase inteiramente para ter o que mostrar: a Pensilvânia já estava separando essas cédulas, contando-as separadamente e não as incluindo no total de votos anunciados. O secretário de Estado, apesar das objeções dos republicanos e de Trump, disse que os votos podem ser contados se tiverem chegado até 17h de sexta-feira.
Uma autoridade estadual disse que as cédulas em questão chegam a milhares, mas não a dezenas de milhares.
A falta de êxito em interromper a contagem ou apresentar um caso plausível de fraude eleitoral em grande escala deixou Trump e sua equipe cada vez mais dependentes da salvação política das recontagens — que parecem prováveis de ocorrer em Geórgia, Nevada, Arizona e Wisconsin, mas que raramente resultam em grandes oscilações na contagem de votos.
O esforço de Trump pode estar recebendo um impulso dos legislativos estaduais na Pensilvânia e em Wisconsin, que são controlados por republicanos. Em Wisconsin, Robin Vos, presidente da Assembleia Estadual, instruiu uma comissão legislativa a “usar seus poderes de investigação” para realizar uma revisão da eleição, novamente levantando o espectro da fraude eleitoral sem oferecer evidências específicas.
Na Pensilvânia, os dois principais republicanos no Legislativo pediram ao governador Tom Wolf, um democrata, que conduzisse “uma auditoria imediata” da eleição. Ao mesmo tempo, aliados do presidente sugeriram abertamente um movimento extremo: usar alegações infundadas da prevaricação democrata para pressionar legislativos estaduais controlados pelos republicanos em Estados-chave a enviar eleitores pró-Trump ao Colégio Eleitoral, independentemente dos resultados do voto popular.
Nenhum estado registrou mais atividade legal do que a Pensilvânia, onde a campanha de Trump e os republicanos locais deram entrada em pelo menos meia dúzia de ações judiciais imediatamente antes e depois do dia da eleição.
O caso que tinha o potencial de afetar mais votos foi o apresentado na Suprema Corte na sexta-feira, buscando uma ordem que forçaria os funcionários eleitorais da Pensilvânia a separarem as cédulas que chegaram após o dia da eleição das outras cédulas enviadas. Em seu pedido de emergência, o partido reconheceu que o gabinete do secretário de Estado já havia ordenado aos funcionários eleitorais que o fizessem.
Os republicanos têm lutado sem sucesso contra a decisão do secretário de Estado de permitir que os funcionários eleitorais na Pensilvânia contem as cédulas enviadas pelo correio que chegaram a seus escritórios na sexta, desde que tenham os carimbos do dia da eleição ou de antes. A Suprema Corte por duas vezes recusou-se a decidir sobre a disputa, embora o caso ainda esteja tecnicamente pendente, dando aos juízes a oportunidade de opinar se eles viram motivo para fazê-lo.
Mas mesmo se o tribunal aceitar o caso e decidir a favor dos republicanos para eliminar todas as cédulas em questão — os votos de correio foram em grande parte para Biden — isso não afetaria os totais de votos atuais, que não incluem as cédulas que chegaram após o dia da eleição. Na noite dessa segunda (9), Biden tinha uma vantagem de cerca de mais de 45 mil votos na Pensilvânia.