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Por Redação O Sul | 20 de agosto de 2019
Com nomes de sua preferência sob críticas públicas, o presidente Jair Bolsonaro decidiu brecar o processo de escolha do novo chefe da PGR (Procuradoria-Geral da República) e avalia deixar o anúncio para setembro, após a saída da atual procuradora-geral, Raquel Dodge.
Os dois últimos favoritos do presidente para o posto, os subprocuradores-gerais Augusto Aras e Antonio Carlos Simões Soares, passaram a ser criticados pela base eleitoral de Bolsonaro e até mesmo por integrantes de seu próprio partido, o PSL, após divulgação de declarações polêmicas.
Em 2016, Aras afirmou que a direita radical explorava a “doutrina do medo” e defendeu teses de partidos de esquerda. Soares, em um texto de 2014, disse que a democracia é um “verdadeiro embuste” e criticou agora a atuação da Lava-Jato em Curitiba (PR).
Na tentativa de diminuir a pressão sobre a escolha, Bolsonaro disse a auxiliares presidenciais que pretende não estabelecer mais um prazo para a seleção de um nome e que deve deixar o assunto para depois do dia 17 de setembro, quando espera que o tema esfrie e que o assunto perca espaço na imprensa.
Segundo o jornal Folha de S.Paulo, o presidente tem se incomodado com o movimento de grupos para emplacar nomes de seu interesse. A bancada federal do PSL, por exemplo, tem defendido o procurador regional Lauro Cardoso, enquanto o subprocurador-geral Marcelo Rabello é preferido da cúpula militar.
Até o STF (Supremo Tribunal Federal) tem participado do processo. O subprocurador-geral Paulo Gonet, por exemplo, tem o apoio dos ministros Gilmar Mendes e Dias Toffoli. Nesta semana, Soares disse que também conta com a simpatia de Toffoli e do ministro Luiz Fux.
Nesta terça-feira (20), em entrevista, Bolsonaro reconheceu que pode deixar a decisão para depois da saída de Dodge. “Não dá para ter prazo. Até o possível sucessor no momento, caso não indique até lá, é uma pessoa que, pelas informações que tenho sobre ele, são as melhores possíveis”, disse. “Todas as possibilidades estão abertas”, acrescentou.
Bolsonaro disse ainda que a escolha de um procurador-geral da República não é simples e a comparou a um casamento, que pode fracassar. Ele afirmou que busca um nome que tenha uma “visão global de Brasil” e que tenha posições que não sejam opostas às dele.
“É igual o casamento, costumo fazer muito a comparação. Você é casado com uma mulher, ou com um homem, está muito na moda isso aí, e só vê a beleza e não vê outros atributos, tem tudo para fracassar”, disse o presidente.