Terça-feira, 03 de junho de 2025
Por Redação O Sul | 31 de maio de 2025
Ex-ministro do governo de Jair Bolsonaro (PL), o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), negou, durante depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF), que o ex-presidente o tenha procurado depois da eleição de 2022 para tratar de qualquer tema relacionado a uma trama golpista.
Tarcísio foi ouvido como testemunha de defesa de Bolsonaro na ação penal a que o ex-presidente responde por tentativa de golpe. Em depoimento que durou menos de dez minutos, o governador de São Paulo só foi questionado pela defesa de Bolsonaro. O ministro Alexandre de Moraes, relator, e o procurador-geral da República, Paulo Gonet, abriram mão de fazer perguntas.
Tarcísio relatou ter conversado com Bolsonaro entre novembro e dezembro de 2022, em Brasília. O período é o mesmo em que, segundo a denúncia da Procuradoria, o ex-chefe do Executivo liderou um plano de ruptura institucional. “Jamais, nunca (tivemos conversas sobre uma tentativa de golpe de Estado), assim como nunca tinha acontecido durante o meu período no ministério”, disse Tarcísio, que comandou a pasta da Infraestrutura na gestão passada.
Questionado pelo advogado Celso Vilardi, responsável pela defesa de Bolsonaro, se teve conhecimento de algum fato que relacionasse o ex-presidente aos atos golpistas do dia 8 de janeiro de 2023, Tarcísio também negou. “Não, nenhum. O presidente nem sequer estava no Brasil”, disse. Vilardi seguiu perguntando sobre o teor das conversas mantidas com Bolsonaro. O governador declarou que eles falavam sobre “muitas coisas” e trocavam experiências.
De acordo com Tarcísio, Bolsonaro temia que as coisas perdessem rumo no governo Lula. “Ele lamentava e temia que a coisa desandasse”, afirmou. O governador disse também que a gestão Bolsonaro teve de lidar com “grandes crises”, como a tragédia em Brumadinho (MG), a pandemia de covid-19, a crise hídrica de 2021 e a guerra na Ucrânia.
Tarcísio é cotado como o principal nome para substituir Bolsonaro na eleição presidencial de 2026. No entanto, o ex-presidente, mesmo inelegível até 2030, tem insistido em sua própria candidatura e já declarou que não está atrapalhando a direita ao não indicar um nome para concorrer.
Desde que Bolsonaro foi indiciado pela Polícia Federal no inquérito do golpe, o governador tem demonstrado lealdade ao padrinho político. “Há uma narrativa disseminada contra o presidente e que carece de provas. O presidente respeitou o resultado da eleição e a posse aconteceu em plena normalidade e respeito à democracia”, disse na ocasião.
Em fevereiro, quando o ex-chefe do Executivo foi denunciado pela PGR como líder de um plano golpista, Tarcísio disse que ele “jamais compactuou” com qualquer tentativa de ruptura. “Jair Bolsonaro é a principal liderança política do Brasil. Este é um fato. Jair Bolsonaro jamais compactuou com qualquer movimento que visasse a desconstrução do estado democrático de direito. Este é outro fato. Estamos juntos, presidente”, afirmou.
O discurso se repetiu em março, quando Bolsonaro virou réu no STF. “Sabemos que esse não é o primeiro e não será o último desafio a ser enfrentado, mas sabemos também que a verdade prevalecerá e sua inocência será comprovada. Estou certo de que Bolsonaro conduzirá esse processo com a coragem que sempre motivou todos ao seu redor. Siga contando comigo e com os milhões de brasileiros que estão ao seu lado”, postou no X. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.