Quarta-feira, 05 de novembro de 2025
Por Nádia Gerhard | 4 de novembro de 2025
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editoriais de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.
Nos últimos dias, uma fala de uma vereadora do PSOL gerou revolta em todo o país. Ao afirmar que traficantes são “trabalhadores”, ela não apenas ofende as famílias destruídas pelo tráfico, mas também desrespeita cada policial que arrisca a vida diariamente para combater esse crime.
Sendo brigadiana há quase três décadas, sei o que significa encarar o tráfico de perto. Já vi mães enterrando filhos que se perderam nesse caminho. Já vi comunidades dominadas pelo medo, pela violência e pela exploração que o tráfico impõe. Dizer que isso é “trabalho” é um tapa na cara da sociedade honesta. É romantizar o crime e inverter valores que sustentam a convivência civilizada.
Trabalhador é quem acorda cedo, enfrenta ônibus lotado, luta por um salário digno, paga impostos, empreende e cria os filhos com sacrifício e dignidade. Trabalhador não vende droga, não escraviza crianças, não espalha morte.
Quem vive do tráfico não é vítima do sistema — é parte do problema que destrói o futuro de gerações inteiras. O discurso que tenta justificar o crime em nome da desigualdade social é perigoso e covarde. Ele desmobiliza a luta por oportunidades reais e empurra os jovens para o abismo, em vez de resgatá-los para o caminho da lei, da educação e do trabalho honesto.
Outro ponto precisa ser dito com clareza: não há nada de positivo na tentativa de legalizar a maconha ou outras drogas. Esse debate, travestido de “liberdade individual” ou “redução de danos”, ignora a realidade das ruas e o sofrimento de quem lida diariamente com as consequências desse vício. As drogas destroem vidas, financiam armas, alimentam facções criminosas e fortalecem o tráfico que castiga o povo trabalhador.
Cada cigarro de maconha ou pedra de crack comprada é uma bala disparada contra um policial, um pai de família, uma criança inocente. Essa é a verdade que muitos preferem ignorar. Enquanto alguns defendem a “regulamentação” como solução mágica, nós, nas forças de segurança, continuamos recolhendo corpos das vítimas de um sistema que mata — e que se alimenta exatamente do consumo que alguns querem normalizar.
Eu jamais aceitarei que se relativize o crime. Defender o traficante como “trabalhador” é trair o verdadeiro trabalhador — aquele que cumpre a lei, sustenta a família com o próprio esforço e confia no Estado para protegê-lo.
O Brasil precisa de coragem para enfrentar o crime, não de discursos que o normalizam. Precisamos resgatar o valor da autoridade, da responsabilidade e da ética. Porque sem lei, sem ordem e sem respeito, não há justiça social — há barbárie.
Comandante Nádia Gerhard
Presidente da Câmara de Vereadores
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
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