Quinta-feira, 08 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 11 de março de 2022
Um hospital foi destruído por bombardeio russo na cidade de Mariupol.
Foto: ReproduçãoA Ucrânia tenta negociar a abertura de mais corredores humanitários para que civis escapem de áreas de conflito contra tropas russas, já que os ataques continuam a acontecer nesta sexta-feira (11), dizem autoridades ucranianas.
De acordo com a ministra da Reintegração do país, Iryna Vereshchuk, as negociações envolvem cinco rotas:
Mariupol – Zaporizhzhia
Volnovakha – Pokrovsk
Polohy – Zaporizhzhia
Enerhodar – Zaporizhzhia
Izium – Lozova
Vereshchuk disse ainda que outras tentativas serão feitas para permitir que as pessoas escapem dos combates em Kiev, com rotas da capital para destinos como Bucha, Hostomel, Kozarovychi e Mykulychi.
Corredores humanitários em Mariupol e Volnovakha foram repetidamente bloqueados ou ficaram inacessíveis na semana passada em meio a intensos combates e bombardeios das forças russas. Houve mais sucesso na evacuação de pessoas de Izium, que viu uma destruição generalizada.
O ministro de Defesa da Ucrânia, Oleksii Reznikov, acusou nesta sexta-feira as forças russas de matarem mais civis do que soldados ucranianos. “Quero que isso seja ouvido não apenas em Kiev, mas em todo o mundo”, disse Reznikov em transmissão.
Já a Rússia prometeu na quinta-feira que irá abrir rotas de evacuação diárias para civis na Ucrânia. Os corredores humanitários levarão os cidadãos para território russo e funcionarão diariamente a partir das 10h, no horário local.
As repercussões globais sobre a guerra continuam. Na noite de quinta-feira, o Senado dos Estados aprovou um enorme projeto de lei de financiamento do governo de US$ 1,5 trilhão que inclui US$ 13,6 bilhões em ajuda à Ucrânia. O projeto de lei, que a Câmara já tinha aprovado, agora pode ser enviado ao presidente Joe Biden para sanção.
Dos US$ 13,6 bilhões em ajuda à Ucrânia, o dinheiro é reservado para assistência humanitária, defesa e econômica. O projeto de lei também inclui disposições para a aplicação de sanções.
Destaques das últimas 24 horas
Operação nas usinas nucleares
Todas as usinas nucleares ucranianas estão operando de forma estável, mas os funcionários da usina de Zaporizhzhia, que foi capturada pelas forças russas, estão enfrentando pressão psicológica, disse a empresa nuclear estatal ucraniana Energoatom nesta sexta-feira.
“Os funcionários da estação estão sob forte pressão psicológica dos ocupantes, todos os funcionários na chegada à estação são cuidadosamente verificados por terroristas armados”, disse, referindo-se às forças russas em Zaporizhzhia.
“Tudo isso afeta negativamente o trabalho e põe em risco a segurança nuclear e de radiação”, complementou. Os níveis de radiação em todas as plantas não mudaram.
A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) disse que havia perdido o contato com a transmissão remota de dados dos sistemas de monitoramento de salvaguardas instalados na usina.
Após encontros com os ministros das Relações Exteriores de Rússia e Ucrânia, o diretor-geral da AIEA, Rafael Grossi, disse que é necessário “agir rápido” para normalizar as operações em Chernobyl e Zaporizhzhia.
Segundo o Ministério da Energia da Rússia, especialistas de Belarus restauraram o fornecimento de eletricidade para a usina nuclear de Chernobyl, na Ucrânia, na quinta-feira.
O ministro da Energia ucraniano, Herman Halushchenko, disse ter pedido oficialmente para os russos a abertura de passagem para o conserto das linhas afetadas. Ele afirmou que a planta estava funcionando por meio de geradores reserva a diesel.
Desde o desastre nuclear de 1986, a usina foi desativada. No entanto, o trabalho das equipes ainda é fundamental para garantir a segurança do local. Após a invasão russa, 210 funcionários de Chernobyl permanecem vivendo e trabalhando na antiga usina, sem revezamento da equipe.
Tanques russos caem em emboscada ucraniana
Uma coluna de tanques russos que se dirigia a Kiev foi surpreendida na quinta-feira (10) por uma emboscada de forças ucranianas. O embate aconteceu na cidade de Brovary, a cerca de 20 quilômetros da capital ucraniana.
Uma estreita avenida de um bairro residencial se transformou em uma fileira de tanques de batalha. Após serem atingidos por lança-granadas, os russos foram forçados a deixar a localidade.
Maternidade bombardeada
Repercutiu na quinta-feira um bombardeio a um hospital infantil e maternidade que deixou três mortos. A Rússia disse que uma alegação ucraniana de que forças russas bombardearam as unidades de saúde em Mariupol é falsa e equivale a “terrorismo de informação”.
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, condenou os ataques ao hospital em Mariupol. Os russos alegaram que as notícias sobre o bombardeio são falsas.
“É assim que nascem as notícias falsas”, disse no Twitter Dmitry Polyanskiy, primeiro representante permanente adjunto da Rússia nas Nações Unidas. “Isso é terrorismo de informação”, declarou a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, ao comentar sobre o caso.
Prefeito descreve “dias de inferno”
O prefeito de Mariupol, Vadym Boychenko, divulgou uma mensagem de vídeo condenando a Rússia por sua “guerra cínica e destrutiva contra a humanidade”. Boychenko falou de “dois dias de inferno” após o bombardeio da maternidade na quarta.
“Hoje, eles bombardearam cinicamente o Serviço Estadual de Emergências de Mariupol”, disse ele no vídeo que mostra os danos extensos ao prédio. “A cada 30 minutos, Mariupol era invadida pela aviação russa que atirava em prédios civis matando civis – idosos, mulheres e crianças”.
O prefeito criticou os chamados corredores humanitários para evacuação. “Eles [russos] mantêm cinicamente reféns 400 mil cidadãos de Mariupol que estão esperando que um corredor humanitário se abra”, disse ele no vídeo. “A ajuda humanitária não pôde chegar a Mariupol pelo sexto dia agora, embora os russos afirmem que foi pacífico e tranquilo na Mariupol ocupada. É o mais alto nível de cinismo.”
Apesar da dispersão do comboio, os conflitos mais intensos seguem na cidade de Mariupol. O Ministério da Defesa da Rússia, por meio da agência russa Tass, disse que assumiu parte do controle da cidade e que 2.911 instalações militares ucranianas já foram destruídas desde o início da guerra. As perdas russas, no entanto, podem ter passado de 6.000 soldados.
Reunião entre Rússia e Ucrânia
A reunião entre os principais diplomatas das duas nações envolvidas na guerra no Leste Europeu não teve avanço no estabelecimento de um cessar-fogo de 24 horas para ajuda aos civis. O ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, encontrou o chanceler russo, Sergey Lavrov, no sul da Turquia na quinta-feira (10).
A guerra da Rússia contra a Ucrânia entrou na terceira semana e as consequências financeiras para os russos foram abordadas em uma reunião entre ministros do governo. O presidente Vladimir Putin afirmou que as sanções ocidentais contra a Rússia não são legítimas e destacou que o país resolveria seus problemas “com calma”.
“Temos os recursos que podemos e estamos prontos para fornecer aos nossos parceiros estrangeiros. Deixe-me repetir: se eles criarem algum tipo de problema para nós, as consequências negativas para esta área da economia são inevitáveis. Elas são inevitáveis. O preço vai subir ainda mais”, acrescentou o presidente russo.
Danos de guerra superam R$ 100 bilhões
O principal assessor econômico do governo da Ucrânia, Oleg Ustenko, disse nesta quinta-feira que as forças invasoras russas destruíram até agora pelo menos US$ 100 bilhões em infraestrutura, edifícios e outros ativos físicos.
Ustenko, conselheiro econômico do presidente Volodymyr Zelensky, declarou em um evento online organizado pelo Instituto Peterson de Economia Internacional que a guerra fez com que 50% das empresas ucranianas fechassem completamente, enquanto a outra metade está operando bem abaixo de sua capacidade.