Quarta-feira, 22 de outubro de 2025
Por Redação O Sul | 5 de fevereiro de 2020
A pedido do MP (Ministério Público) do Rio Grande do Sul, a Justiça de Tenente Portela (Região Noroeste do Estado) condenou a 14 anos e dois meses de prisão o vereador e cacique Valdonês Joaquim, da reserva indígena do Guarita. Ele foi considerado culpado por associação criminosa, seis roubos qualificados, manutenção de reféns e dano qualificado pela utilização de substância inflamável e contra o patrimônio público, além coação no curso do processo, pelo uso de violência contra autoridade.
O seu pai e ex-cacique da mesma área, Valdir Joaquim, recebeu pena de 13 anos e 23 dias de cadeia, pelos mesmos crimes, denunciados pela Promotoria em abril de 2017. No processo, consta que os dois réus, juntamente com outras 11 pessoas, renderam dentro de um posto policial o soldado da BM (Brigada Militar) Marcos Valdemar Skalee e roubaram armas-de-fogo, coletes balísticos e a uma viatura da corporação. O incidente ocorreu no dia 6 de fevereiro de 2017 em Miraguaí, portanto há exatamente três anos.
O policial foi amarrado sobre o capô de um dos veículos, adaptado com furos na parte superior para prender as cordas. Esse carro com o PM preso à lataria foi utilizado para assaltar uma agência do Banrisul e outra do Sicredi. O grupo se dividiu em quatro – enquanto dois deles invadiam os respectivos estabelecimentos, os outros dois permaneciam na parte externa, dando cobertura aos ataques.
No interior das agências, os assaltantes – encapuzados – renderam clientes e funcionários e ordenaram que os gerentes abrissem os cofres. Após pegarem todo o dinheiro, eles conduziram os reféns à frente dos bancos e isolaram os locais com um “cordão humano”, antes de fugir levando como escudo alguns reféns que seriam liberados em seguida. A viatura roubada do posto policial foi incendiada na saída de Tenente Portela.
Na fuga, os assaltantes seguiram para dentro da Reserva do Guarita, onde esconderam as armas e parte do dinheiro roubado, depois partindo em direção a Carazinho, também na Região Noroeste do Estado.
De acordo com o promotor Guilherme Santos Rosa Lopes, as investigações apontaram que Valdir e Valdonês, respectivamente pai e filho atuaram de forma associada a uma quadrilha. A dupla forneceu alojamento a assaltantes, que ficaram acampados em um terreno localizado dentro da própria reserva da Guarita.
No local, eles participaram de um treinamento de tiro e utilizaram o local como ponto de esconderijo para as veículos e armas utilizados na ação, bem como para o dinheiro obtido com os dois assaltos a banco. Os dois ainda facilitaram a fuga dos demais criminosos, que se movimentaram por dentro da Reserva do Guarita, tradicionalmente uma área de acesso dificultado às autoridades.
Poder
Valdonês e Valdir são considerados, atualmente os principais líderes da Reserva Indígena do Guarita. Como caciques, passaram a controlar a área, que atualmente conta com 23 mil hectares e uma população de 6 mil habitantes.
(Marcello Campos)