Terça-feira, 11 de novembro de 2025
Por Redação O Sul | 22 de abril de 2019
Na tarde deste domingo (21), familiares, amigos, colegas e representantes da comunidade cultural gaúcha se despediram do artista plástico Danúbio Gonçalves, 94 anos. Natural de Bagé e radicado em Porto Alegre, ele faleceu pela manhã em uma clínica geriátrica, devido a causas naturais. O sepultamento foi realizado no cemitério João XXIII, na Capital.
Nascido em Bagé em 30 de janeiro de 1925, Danúbio Vilamil Gonçalves foi pintor, gravador, desenhista e professor. Estudou pintura e desenho com Cândido Portinari e no período de 1949 a 1951 viajou para a França, onde frequentou a academia Julian, em Paris. De volta ao Brasil, participou do Clube de Gravura de Bagé até 1955, com colegas igualmente importantes, tais como Carlos Scliar, Glauco Rodrigues, Glênio Bianchetti e Vasco Prado.
Também dirigiu o Ateliê Livre da Prefeitura de Porto Alegre (1964-1979) e lecionou xilogravura e desenho. Nessa mesma época, foi professor do Instituto de Artes da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1969-1971) e participou de inúmeras exposições que ajudaram a colocar o Estado no mapa brasileiro e internacional das artes plásticas.
Dentre as suas obras públicas mais conhecidas estão o painel da estação do Trensurb no Mercado Público e o mural na passagem de nível da avenida Carlos Gomes (3ª Perimetral) com a Protásio Alves. Em 2012, o cineasta Henrique de Freitas de Lima lançou o documentário “Danúbio”, exibido nos cinemas locais. Danúbio dizia-se trineto de ninguém menos que Bento Gonçalves, um dos líderes da Revolução Farroupilha.
Manifestações
A secretária da Cultura, Beatriz Araujo, comentou a perda de Danúbio: “Penso que a trajetória do artista, do professor, o seu comprometimento enquanto ativista, sua extensa obra, são um legado importante para a cultura do Rio Grande do Sul. Ele era um artista brilhante e hoje estamos mais pobres com sua morte”.
O diretor do Margs (Museu de Arte do Rio Grande do Sul), Francisco Dalcol, também se manifestou: “Trata-se de um dos nomes mais importantes da história das artes visuais do Rio Grande do Sul, tendo pertencido a uma geração que se empenhou em introduzir e difundir em nosso Estado as linguagens artísticas modernas”.
Dalcol ressaltou, ainda a a projeção do nome de Danúbio fora do Estado. Segundo ele, esse status se deve a uma postura de não adesão a modismos e por seu engajamento político-social, representado na fase marcada por xilogravuras inspiradas nos trabalhadores das minas e charqueadas: “Ele defendia que o artista tinha de ter posicionamento político, e que o papel da arte não se desvinculava da realidade”.
(Marcello Campos)