Segunda-feira, 24 de novembro de 2025
Por Redação O Sul | 18 de maio de 2018
Acusado de violência física por sua ex-mulher, o advogado e ex-juiz Roberto Caldas – que presidiu a Corte Interamericana de Direitos Humanos – apresentou nessa sexta-feira um atestado médico de dez dias, conseguindo assim adiar o seu depoimento na Delegacia Especial de Atendimento à Mulher em Brasília. Nem a polícia nem a assessoria de Caldas divulgaram o teor da declaração.
O ex-juiz da corte é suspeito de ter agredido a ex-mulher Michella Marys Santana Pereira e de ter ter cometido assédio sexual contra pelo menos duas empregadas domésticas que trabalhavam na residência do casal.
Avaliação
A delegada Sandra Gomes Melo, que preside o inquérito, já afirmou que vai remarcar o depoimento. Após a conclusão do trabalho da polícia, que pode ou não indiciar Caldas, o caso seguirá para análise do MP (Ministério Público), a quem cabe decidir se haverá denúncia criminal à Justiça.
“Eu sou estudiosa do assunto e digo que o atual caso é um segundo marco. A lei Maria da Penha mostrou toda a cara dessa violência, tirou toda essa violência do abrigo das ‘quatro paredes’ e mostrou que ela existe. Agora, 12 anos depois, nos deparamos com um caso como esse”, lamentou a delegada.
Paradoxo
Ela se refere ao fato de Caldas ter integrado uma instituição com atuação mundial de combate à violência contra a mulher e que foi responsável por recomendar ao Brasil, entre outras coisas, a aprovação da Lei Maria da Penha. O advogado de Michella, Pedro Calmon, afirmou já ter reunido pelo menos seis testemunhas das supostas agressões físicas e verbais cometidas por Roberto Caldas.
Michella procurou nas últimas semanas a polícia relatando agressões físicas e verbais contínuas. Em áudios de discussões gravados por ela, Caldas a chama de “cachorra” e “vagabunda”, dentre outros adjetivos nada positivos. Há, ainda, barulhos nas gravações que sugerem a possibilidade de agressões.
Defesa
Em entrevista à imprensa, o ex-juiz negou agressões físicas para além de “empurrões”, reconheceu xingamentos e duas relações extraconjugais com ex-funcionárias, mas afirmou que a ex-mulher preparou armadilhas para incriminá-lo.
Em 2012, Caldas foi eleito para compor a corte sediada em San José, na Costa Rica. O advogado também integrou a Comissão de Ética Pública da Presidência da República no período de 2006 a 2012. Após o escândalo vir à tona, ele renunciou ao mandato e se afastou do escritório trabalhista em que atuava.