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Cultura Jornalista que quase foi expulso do Brasil lança biografia de um grande herói brasileiro

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Larry Rohter, ex-correspondente do New York Times, tenta reduzir abismo entre americanos e brasileiros. (Foto: Reprodução)

Não foi só a enorme admiração por Cândido Mariano da Silva Rondon (1865-1958) que levou o jornalista americano Larry Rohter a preparar uma biografia do marechal.

​Rohter foi correspondente no Brasil pela revista Newsweek e depois pelo jornal The New York Times. Ao atuar neste último veículo, ele se tornou mais conhecido do público local. Em 2004, quase foi expulso do País ao publicar reportagem sobre o consumo de álcool do então presidente Lula.

Nestes 14 anos em que viveu no Brasil, Rohter se aproximou de familiares da sua mulher, Clotilde, nascida aqui, e fez amigos no País. “Pensei no livro como um presente para eles, um modo de dizer: ‘O Brasil foi capaz de gerar um homem da estatura de Rondon. Então nem tudo está perdido’”, diz Rohter em tom bem-humorado.

De fato, esse mato-grossense de vida longa (quase 93 anos) colecionou proezas fascinantes, como demonstra “Rondon”, a recém-lançada biografia.

Ao longo de mais de 20 expedições pelo Norte do País nas primeiras décadas do século 20, ele redesenhou o mapa da Amazônia.

Não teria desempenho tão notável como cartógrafo e engenheiro sem resistência física e disciplina. Depois de formado na Escola Militar, no Rio, percorreu mais de 40 mil km a pé, a cavalo, no lombo de mulas, em canoas.

Foi ainda pesquisador. A Comissão de Linhas Telegráficas Estratégicas de Mato Grosso ao Amazonas, que ficou conhecida como Comissão Rondon, publicou mais de cem artigos científicos, com temas que variavam de botânica a meteorologia.

Descendente de indígenas, fundou em 1910 o SPI (Serviço de Proteção aos Índios), entidade comandada por ele nos anos seguintes. Ao contrário do “índio bom é índio morto”, celebrado pelos desbravadores dos EUA do século 19, Rondon deixou outra frase como herança: “Morrer se preciso for, matar nunca”. No poema “Pranto Geral dos Índios”, Carlos Drummond de Andrade se referiu a ele como o “militar suave”.

Durante fase inicial da Comissão Rondon, como relata Rohter, uma flecha atirada por um nhambiquara atingiu o peito do militar. Só não o feriu porque ficou cravada na bandoleira, a correia de couro onde ele prendia a arma. Além de não reagir, Rondon impediu que seus homens atacassem os índios.

O jornalista evita, porém, tratar Rondon como homem de conduta irretocável. Lembra, por exemplo, os castigos severos do oficial aos seus soldados indisciplinados — puniu-os mais de uma vez com golpes de chicote ou vara.

Mais famosa no exterior do que a Comissão Rondon foi a Expedição Científica Roosevelt-Rondon, liderada pelo brasileiro e pelo ex-presidente dos EUA Theodore Roosevelt (1858-1919).

Ao longo de dois meses, entre fevereiro e abril de 1913, eles percorreram os mais de 1.400 km do rio da Dúvida (mais tarde rebatizado como rio Roosevelt), que até então não tinha sido mapeado. Concluíram que se tratava do maior afluente do rio Madeira.

Boa parte das informações inéditas ou pouco conhecidas trazidas pela biografia estão nesses capítulos dedicados à expedição. Dezenas de livros já descreveram essa aventura, mas quase todos se basearam apenas nos relatos em inglês de Roosevelt e dos naturalistas que o acompanharam.

Além dessas fontes, Rohter recorreu aos diários, relatórios e entrevistas de Rondon e depoimentos de integrantes da equipe dele. Dessas visitas a novos baús, sai engrandecida a figura do médico José Antônio Cajazeira, o dr. Cajazeira, pouco mencionado nas obras anteriores.

 

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