Sábado, 07 de junho de 2025
Por Redação O Sul | 20 de agosto de 2020
A Polícia Civil gaúcha e o IGP (Instituto-Geral de Perícias) lançaram um serviço presencial e também on-line para ampliar o atendimento psicossocial a mulheres vítimas de violência doméstica e familiar no Rio Grande do Sul. Por meio da iniciativa, quem preta queixa contra esse tipo de incidente é encaminhado a um setor especializado do DML (Departamento Médico-Legal).
O plano de ação vem sendo implementado na Deam (Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher) de Porto Alegre desde março, primeiro mês da pandemia de coronavírus Covid-19 no Estado, e agora será estendido a outras seis unidades da Região Metropolitana – Alvorada, Canoas, Gravataí, Novo Hamburgo, São Leopoldo e Viamão.
O atendimento é realizado na sede do DML, a menos de 100 metros da sede da Deam na Capital, tudo no Palácio da Polícia (avenida Ipiranga, bairro Santana). Um equipe de três psicólogos e uma assistente social estão disponíveis para tal finalidade de segunda a sexta-feira, das 8h às 18h.
Se a vítima preferir obter o atendimento à distância, a equipe presta atendimento por telefone e videochamada – essa última modalidade será implantada também nas outras seis Deams em uma segunda fase do projeto, após a consolidação do serviço presencial.
“O encaminhamento é feito sempre que a vítima apresenta dificuldades para relatar a violência ou precisa do apoio de outras instituições envolvidas na rede de proteção”, explica a corporação. “Na conversa, os servidores oferecem suporte psicológico e informam sobre os serviços que podem ser acessados, como abrigos e atendimento em órgãos públicos como Defensoria Pública e Ministério Público.”
Perfil variado
A assistente social Eliana Formoso, uma das servidoras do IGP que fazem o atendimento, conta que o perfil das vítimas não segue um padrão. “Algumas relatam agressões continuadas há 40 anos, enquanto outras contam sobre ataques que começaram recentemente. Todas são ouvidas e encaminhadas”, sublinha.
Durante o período de isolamento em decorrência da pandemia, Eliana tem notado um aumento dos casos em que idosas são atingidas pelos próprios filhos, muitas vezes usuários de drogas.
A médica-legista Angelita Machado Rios, coordenadora do projeto no IGP, afirma que a proposta representa uma ação efetiva para interromper o ciclo de violência que envolve mulheres e crianças: “Além da implementação desse projeto, estamos dando prioridade para as perícias psíquicas que envolvem esses atendimentos, para que o inquérito possa ser finalizado mais rapidamente”.
Para a delegada Tatiana Bastos, diretora da Dipam (Divisão de Proteção e Atendimento à Mulher) e que coordena o projeto na Polícia Civil, a pandemia de Covid-19 exigiu adaptação nos serviços de acolhimento. Por esse motivo, os atendimentos também serão desenvolvidos por telefone sempre que a vítima manifestar interesse.
O atendimento psicossocial on-line vai ao encontro do chamado “Eixo 3” (qualificação do atendimento ao cidadão) do programa “RS Seguro”, responsável pelo planejamento de ações implementadas pelo Comitê Interinstitucional de Enfrentamento à Violência contra a Mulher.
Criado por decreto do governador Eduardo Leite no início do mês, o colegiado reúne os três Poderes, nove secretarias estaduais e 16 instituições do poder público e sociedade, inclusive na esfera municipal. “Além do fortalecimento da rede de apoio às vítimas, é importante promover entre os gaúchos uma mudança de cultura, que valorize a proteção da mulher na sociedade em todas as suas formas”, salienta o governo.
(Marcello Campos)
Voltar Todas de Rio Grande do Sul