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Geral Uma brasileira que vive há 16 anos nos Estados Unidos e está em vias de legalização relatou os meses que passou na cadeia

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Primeiro condenado que será executado em 2019 é o membro de um grupo racista, Daniel Lewis Lee, que assassinou três pessoas de uma mesma família.(Foto: Reprodução)

Nos Estados Unidos há 16 anos e em processo de legalização, a brasileira Lucimar de Souza, 49 anos, não imaginava que poderia ser presa na saída de uma audiência, logo depois que o seu casamento com um americano foi aprovado pelas autoridades de imigração. “Já estavam me esperando na porta”, contou.

Ela foi encaminhada a um presídio, em razão de uma ordem de deportação de 2002, e passou pouco mais de três meses detida — foi libertada no último dia 8 de maio.

Leia abaixo o relato de Lucimar:

“Eu sou de Governador Valadares (MG). Vim para os EUA porque escolhi o país para ter minha família, para viver o sonho americano. Eu vim pelo México, ilegalmente. Comecei a trabalhar como faxineira e fui conquistando as minhas coisas. O bom desse país é isso: trabalhando, a gente consegue alcançar nossos objetivos.

A adaptação foi difícil, mas depois que você fica, se apaixona. Em 2006, conheci meu marido, que era meu vizinho. Casamos e tivemos um filho, o Anthony, que hoje tem dez anos.

Em 2016, demos entrada nos papéis para regularizar minha situação, porque o governo americano abriu um benefício para quem era casado com um americano e tinha ordem de deportação.

Só que o trâmite é demorado. No início do ano, dia 30 de janeiro, fui a uma audiência para reconhecerem o meu casamento. Passamos por uma entrevista, fizeram perguntas, e foi aprovado. Quando saí, o ICE [agência americana de imigração] já estava na porta me esperando.

Disseram que eu seria detida, mas só para questões burocráticas. Fui sozinha com eles. Me levaram para o escritório, tiraram minhas digitais… Foi quando me contaram que eu iria para o presídio.

Aí me desesperei; entrei em pânico. Mas fui seguindo as instruções, não tem como questionar muito. Sabia que tinha uma ordem de deportação [detida na fronteira em 2002, ela foi liberada sob obrigação de comparecer a uma audiência de imigração, mas diz não ter sido notificada].

É muito triste porque, a partir do momento em que você é detido, você é um criminoso e é tratado como tal. Fui encaminhada para uma ala de imigrantes. Eram 16 celas, com duas camas, um vaso e uma pia. O chuveiro ficava no corredor. Ficávamos trancadas, mas tínhamos quatro horários de descanso. Eram duas horas cada um. Aí podíamos ficar num salão, onde a gente conversava umas com as outras, brincávamos, assistíamos TV. Chegamos a estar em 32 mulheres, mas no último mês foi diminuindo.

Quando você chega, é muita lágrima, muita dor. Todas que estavam ali nunca haviam passado por essa experiência. Mas, graças a Deus, o povo brasileiro é muito caloroso. Assim que eu cheguei, outras brasileiras vieram falar comigo, me consolaram.

Meu único medo era ser deportada. Várias foram enquanto eu estava lá. Eles chegam com um aviso, dizendo que seu voo é na próxima semana. Mas não dão horário, não dão dia. Muitas vezes, batem na cela de madrugada. E aí ficava um clima de velório. Porque é tudo o que não queríamos. É o fim de um sonho. São mães, são esposas, são mulheres como eu.

Para mim, o pior momento na prisão era quando meu filho ia me visitar e, na hora de ir embora, falava: ‘Mãe, eu não quero ir; deixa eu ficar com você’. Isso me doía bastante. Depois que ele ia, eu chorava. Mas na frente dele, não.

Recebi a notícia da libertação numa audiência, na Corte. Fiquei em choque. Mas fiquei muito feliz. Ontem mesmo, eu estava andando com meu marido na rua e falei: ‘Parece que estou sonhando’.

Ainda me sinto muito bem aqui. Porque o que aconteceu foi consequência de uma lei. Infelizmente, o processo foi arbitrário em algumas partes. Mas não posso generalizar e dizer que o país não é bom. O país é ótimo, é maravilhoso.

O governo [de Donald Trump] causou certo pânico entre os imigrantes. Mas a fase dele também vai passar. O meu sonho é ser americana. Pode escrever: um dia, eu vou ter minha cidadania.”

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