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Colunistas Uma lanterna para tempos escuros

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Especialmente em tempos difíceis, somos essencialmente o que acreditamos ser. (Foto: Divulgação)

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

Passado mais de um ano do início da pandemia, permanece a cisão provocada pelo falso dilema saúde ou economia, alimentando um debate que estagnou e cristalizou as posições antagônicas. Diante disso, é importante compreender o que alimenta essa contenda e impede um inadiável acordo, invocando, inapelavelmente, o papel de nossas lideranças. São os líderes e seus valores que têm a responsabilidade de carregar a lanterna em tempos escuros, apontar caminhos e propor soluções. Pegos de surpresa por um fato inédito, se viram forçados a serem eles mesmos. Não havia protocolos pré-concebidos. Estavam diante de um fato inédito, desses que acontecem muito raramente, de grande impacto, a quem o escritor Nicholas Taleb descreve como sendo “cisnes negros”. Nesse palco tumultuado e incerto, alguns ganharam pontos junto à sociedade, enquanto outros desceram ladeira abaixo, levando consigo não apenas sérios abalos à própria reputação, mas um rastro de sinistra responsabilidade.

Segundo o megainvestidor Warren Buffet, “você só percebe quem está nadando nu quando a maré baixa.” A frase se aplica muito bem aos efeitos da pandemia sobre a imagem de alguns líderes que hoje conduzem a crise. Diante de uma situação inusitada, os gestores recorreram aos seus repertórios, aquilo que os distingue como seres singulares na hora de tomar decisões.

Especialmente em tempos difíceis, somos essencialmente o que acreditamos ser, expressando-nos também pelo modo como agimos, segundo a orientação dos valores humanos que cultivamos, fruto de nossos princípios morais e éticos. Nesses momentos, não há como fugir de nós mesmos e, diante do insólito, todas as máscaras caem. Nas crises, já proferiu Balzac, “ou o coração se parte ou endurece”. A julgar pela escalada da intolerância, da agressividade e da falta de diálogo, nossos corações estão sendo calcificados, numa renúncia trágica ao bom senso.

Parece elementar, entretanto, que um momento tão dramático como esse que experimentamos exigiria o oposto do que vem ocorrendo: cooperação, não divisão, diálogo, e não sectarismo, solidariedade, jamais busca por holofotes. Nosso inimigo comum, um ser microscópico, insidioso e letal, não escolhe vítimas, trabalha dia e noite, é imune às injunções políticas, é simpático à estupidez que o deixa avançar, mas temente a estratégias inteligentes que possam barrar o seu avanço. Lamentavelmente, diante de algo tão óbvio, não houve esse entendimento elementar por quem de direito.

Por essa razão, apresenta-se uma boa oportunidade para distinguir quem age de quem não age orientado por valores humanos, como respeito às pessoas, altruísmo, empatia, solidariedade, boa convivência, prudência, temperança e justiça. No caso da atual pandemia, basta observar as duas correntes em luta e os comportamentos predominantes. De um lado, filiam-se os críticos às duras medidas de confinamento, que contestam as autoridades públicas, ironizam o poder de fogo do vírus, minimizam as mortes e às atribuem a exageros da mídia.

Do outro lado, reúnem-se os que reconhecem a ameaça da covid-19, defendem o isolamento social como estratégia dura, mas justa para o conjunto da sociedade, alinham-se com a prudência dos cientistas. Usam as redes sociais para educar a população sobre hábitos de higiene e prevenção, sobre a importância do distanciamento e também para convocar a colaboração e a solidariedade de todos.

Necessitamos, mais do que nunca e com urgência, de lideranças que possam ser porta-vozes das aspirações da sociedade, que governem com visão do bem comum, indivíduos éticos, transparentes, íntegros e respeitosos em relação às pessoas. Devem, sobretudo, liderar com valores.

Nos tempos atuais, só mesmo os valores são capazes de garantir estabilidade. Sem esse entendimento basilar, a atual polarização continuará a sugar uma energia vital que seria muito melhor empregada na construção conjunta de soluções para a superação da pandemia no País, evitando ainda mais mortes, dor e sofrimento.

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

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https://www.osul.com.br/uma-lanterna-para-tempos-escuros/ Uma lanterna para tempos escuros 2021-04-22
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