Domingo, 08 de junho de 2025
Por Redação O Sul | 1 de janeiro de 2022
O reitor da Universidade de São Paulo (USP), Vahan Agopyan, demitiu o professor Claudio Lima de Aguiar, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq-USP), por “reiteradas práticas de assédio sexual e moral” contra alunas. Ele acatou recomendação da comissão processante que, desde 2019, vinha apurando as denúncias.
Oito pós-graduandas da Esalq, todas orientandas ou ex-orientandas de Aguiar, o acusam de condutas abusivas, segundo a Associação de Docentes da USP (Adusp). A exoneração foi publicada no Diário Oficial do Estado no último dia 22.
Engenheiro químico, Aguiar era professor do Departamento de Agroindústria, Alimentos e Nutrição (LAN) da Esalq, câmpus de Piracicaba, interior do Estado, e exercia a função de coordenador do programa de pós-graduação em microbiologia agrícola. Segundo a Adusp, os abusos ocorrem pelo menos desde 2016 e são relatados de forma minuciosa em depoimentos que descrevem “condutas sistemáticas de assédio sexual, constrangimentos, xingamentos machistas, homofóbicos, humilhações públicas e abusos de poder”.
Relatos
Ainda conforme a Adusp, os relatos enviados às comissões dão conta de que o professor procurava ser amigável e solícito com as alunas, mas, com o passar do tempo, adotava condutas que envolviam “proximidade física e contatos indesejados, inclusive beijos no rosto e, frequentemente, toques em partes do corpo”, como coxas e barriga. Quando as alunas reagiam, ele dizia coisas como “calma, eu sou casado”.
Ao jornal O Globo, uma aluna contou ter sido apalpada na coxa pelo orientador, que também fez comentários sobre seu corpo. Foi ela quem abriu a queixa contra Aguiar em 2019, após ter manifestado a intenção de abandonar o mestrado. “Ele me chamava de gostosa várias vezes na frente de outras pessoas. Uma vez ele me perguntou no meio de uma reunião se já fui paquerada no ponto de ônibus, e eu respondi que não. Aí ele disse: ‘Se eu te paquerasse, você me daria bola?’ Aquilo me deixava muito desconfortável”, disse.
Ao tomar conhecimento do caso, o então presidente da pós-graduação, Fernando Luis Cônsoli, a convenceu a abrir uma denúncia contra o docente, e outras alunas se juntaram a ela, o que resultou em um processo administrativo disciplinar em que as denunciantes e o acusado foram ouvidos formalmente. O caso passou por uma comissão sindicante e pela comissão processante.
Em novembro, após o parecer da comissão processante, a Congregação da Esalq recomendou a demissão de Aguiar por 62 votos a favor e 3 abstenções. Em março de 2020, ele já havia sido afastado.