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Política Vacinas e clima são desafios imediatos do novo ministro das Relações Exteriores do Brasil

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O novo ministro das Relações Exteriores, Carlos França, é um diplomata pouco afeito a polêmicas ou arroubos. (Foto: Reprodução)

O novo ministro das Relações Exteriores, Carlos França, tem dois grandes desafios pela frente: desobstruir caminhos para o acesso do Brasil a mais vacinas e tirar o país do papel de vilão do meio ambiente nas negociações climáticas. Uma dúvida nas conversas de bastidores entre diplomatas é em que medida ele vai ter liberdade de atuação ou se acabará sendo um títere do assessor internacional Filipe Martins, mantido no cargo, e do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) na elaboração da política externa.

Ninguém acredita em guinada nas posições brasileiras nos fóruns internacionais, uma repentina aproximação com a China ou mudança de postura na ONU em temas caros ao bolsonarismo, como direitos sexuais reprodutivos. O que se espera, em primeiro lugar, é comedimento e discrição – mercadorias escassas no Itamaraty da gestão Ernesto Araújo.

O próprio perfil de França calibra essas expectativas: trata-se de um diplomata pouco afeito a polêmicas ou arroubos, pragmático, bem visto pelos colegas. Mas sua trajetória profissional também permite alimentar incertezas: ele nunca esteve na linha de frente de negociações comerciais ou na interação direta com organismos multilaterais. Promovido a ministro de primeira classe (topo da carreira) em 2019, jamais chefiou uma embaixada no exterior. Foram quase dez anos em diferentes funções no cerimonial do Planalto.

“Mais do que uma nova política externa, com guinada, eu diria que será uma política externa mais sonolenta – sem bate-boca nas redes sociais, sem discurso em tupi-guarani, mas sem grandes mudanças de posição nos fóruns internacionais”, diz Creomar de Souza, CEO da Dharma Political Risk and Strategy, consultoria com sede em Brasília.

Na avaliação dele, Araújo acabou “sentindo o gostinho” da popularidade junto aos bolsonaristas mais radicais e começou a flertar com uma possível entrada na política, tornando ainda mais difícil o recuo em suas posturas controversas e a pacificação com o Congresso Nacional. “Não há nada no histórico do França que indique esse caminho, embora a gente nunca saiba quando exatamente a mosca azul pode picar.”

Para o cientista político Mathias Alencastro, pesquisador do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap), a principal tarefa do novo chanceler não será a agenda externa, mas o relacionamento doméstico. De um lado, reconstruindo pontes com o Congresso. De outro, com o próprio quadro diplomático, que acumula queixas sobre perseguições e práticas inusuais, como o uso ideológico da Fundação Alexandre de Gusmão (Funag). “Tirar o Itamaraty dos holofotes”, resume.

Alencastro nota algumas diferenças importantes entre o novo e o ex-chanceler. “Para começo de conversa, o que difere os dois é que o França não tem conta no Twitter”, afirma o analista, lembrando que ele dificilmente se engajará no discurso para seguidores radicais nas redes. “Numa briga entre Eduardo Bolsonaro e o embaixador da China, ele prefere pegar covid e entrar em isolamento total.”

“O segundo fator”, completa Alencastro, “é que o novo chanceler vem na sequência do Ernesto e sua vocação camicase”. Não só surgiu um cansaço público com a tensão permanente criada por Araújo como o ambiente externo mudou. No fim de 2018 ou no início de 2019, quando o ex-ministro começou a traçar seus caminhos no Itamaraty, havia o Brexit e Donald Trump na Casa Branca, Benjamin Netanyahu em Israel e Mauricio Macri na Argentina. “Agora o ambiente é outro.”

Estreitar o relacionamento com a administração Joe Biden, na tentativa de obter parte do estoque de vacinas “excedentes” nos Estados Unidos, é uma das principais cobranças sobre França. Ele precisará garantir, ainda, a continuidade do fluxo de importações do insumo farmacêutico ativo (IFA) para produção de imunizantes no Brasil.

Na semana passada, em depoimento à Comissão de Relações Exteriores da Câmara, Araújo anunciou a chegada de 1.024 de litros de IFA da China, em três voos, para a fabricação de vacinas pela Fiocruz. O Instituto Butantan, no entanto, alerta sobre uma possível escassez de insumo para seguir produzindo a Coronavac.

À Casa Branca, autoridades brasileiras propõem uma “troca”. Sugerem receber imediatamente as vacinas da AstraZeneca – que ainda não têm autorização para uso em território americano – e compensar os Estados Unidos com a mesma quantidade mais adiante, tão logo cheguem as encomendas feitas pelo governo Jair Bolsonaro.

Nas negociações ambientais, França já tem um desafio imediato: a cúpula climática, com 40 chefes de Estado ou de governo, que Biden convocou para abril – o Brasil está entre os convidados.

A cúpula idealizada por Biden representa apenas o início de um período crítico para a diplomacia brasileira na agenda ambiental. Os preparativos para a CoP-26, que ocorre em Glasgow em novembro, ganham corpo na sequência. Enquanto isso, está para recomeçar o período de seca na Amazônia, que aumenta o risco de alta do desmatamento e de deterioração da imagem do Brasil. As informações são do jornal Valor Econômico.

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