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Política Vídeo da Marinha do Brasil que tem fuzileiro sósia do ministro da Fazenda é alvo de críticas no governo

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A Marinha afirmou que a peça publicitária não é uma crítica ao pacote de corte de gastos capitaneado por Haddad. (Foto: Reprodução)

O vídeo postado pela Marinha do Brasil nas redes sociais, no domingo (1°), provocou muitas críticas no Palácio do Planalto. Nos bastidores, ministros classificaram como “desastre” e “tiro no pé” a gravação que mostra civis em momentos descontraídos, enquanto militares da Marinha aparecem em treinamento de guerra, justamente quando o governo apresenta o pacote do corte de gastos.

Apesar do mal estar, porém, a ordem no Planalto foi para que ninguém esticasse a polêmica nem fizesse comentários públicos sobre o vídeo. Embora as Forças Armadas tenham sido incluídas pela equipe econômica no esforço fiscal, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva cedeu aos apelos da caserna para uma nova análise da situação e o projeto que muda a aposentadoria dos militares ainda não foi encaminhado ao Congresso.

“Privilégios? Vem pra Marinha”, afirma uma jovem no fim da peça, que também mostra um fuzileiro naval muito parecido com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. “Vocês terão que se acostumar com uma vida de sacrifícios”, diz a voz em off de um capitão.

O vídeo de 1 minuto e 16 segundos foi produzido para o Dia do Marinheiro, comemorado em 13 de dezembro. “Ao chegarmos em dezembro, homenageamos os Marinheiros e fuzileiros, que abdicam de suas famílias e dos momentos de lazer para proteger as riquezas do Brasil no mar”, diz a mensagem da Marinha.

Na gravação, homens e mulheres aparecem em festas, dançando e também na praia, tomando sol ou até surfando. Ao mesmo tempo, marinheiros são expostos ao perigo e arriscam a vida, no mar e em alagamentos.

Na tarde de sábado, 30, Lula recebeu o ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, e os comandantes do Exército, Tomás Paiva; da Marinha, Marcos Sampaio Olsen, e da Aeronáutica, Marcelo Damasceno, no Palácio da Alvorada.

A conversa ocorreu dias após o ex-presidente Jair Bolsonaro e outros 36 aliados – dos quais 25 militares – serem indiciados pela Polícia Federal por tentativa de golpe de Estado, em 2022. As investigações mostraram que a trama foi montada para impedir a posse de Lula.

Mas a reunião no Palácio da Alvorada com o presidente serviu mesmo para tratar de uma “regra de transição” mais elástica para as aposentadorias dos militares, já que o pacote inicial apresentado por Haddad para encaixar as despesas no arcabouço fiscal e economizar R$ 70 bilhões nos próximos dois anos atinge as Forças Armadas.

As medidas preveem idade mínima de 55 anos para que militares passem à reserva remunerada, extinção do pagamento de pensões a dependentes de integrantes das Forças que foram expulsos, contribuição equivalente a 3,5% dos salários para o Fundo de Saúde e, ainda, fim da transferência de pensão para herdeiros dos fardados.

O problema é que os militares querem rever a sua cota de sacrifícios nesse pacote, principalmente o aumento da idade mínima para a aposentadoria – hoje em 35 anos –, sob o argumento de que suas funções são muito diferentes das desempenhadas por civis.

É aí que entra o vídeo da Marinha, divulgado no domingo. Para a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, a peça tem conteúdo ofensivo e denota “um grave erro”.

“Ninguém duvida que o serviço militar exige esforço e sacrifícios pessoais, especialmente da tropa que se arrisca nos treinamento e faz o serviço pesado”, afirmou Gleisi, em postagem nas redes sociais. “Isso não faz dos militares cidadãos mais merecedores de respeito do que a população civil, que trabalha duro, não vive na farra.”

Após divulgar o vídeo com um “sósia” do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, questionando se há “privilégios” no órgão, a Marinha afirmou que a peça publicitária não é uma crítica ao pacote de corte de gastos capitaneado por Haddad e que mirou na previdência especial dos militares.

Na peça publicitária, aparecem militares da Marinha em treinamento, trabalhando em enchentes, estudando, mergulhando e encenando uma situação em que um navio afunda, enquanto outras pessoas fazem festa, aproveitam a praia, fazem yoga, viajam e comemoram aniversário com a família.

“A peça publicitária não visa dirigir eventual crítica ao conjunto de medidas relacionadas ao ajuste fiscal atualmente em discussão”, diz nota da Marinha enviada ao Estadão nessa terça-feira, 3, após ser questionada pela reportagem há dois dias.

“Sua intenção é destacar e reconhecer o constante sacrifício de marinheiros e fuzileiros navais, que trabalham incansavelmente para a Defesa da Pátria e o desenvolvimento nacional, atividades essenciais para que a sociedade em geral possa desfrutar de vida mais próspera e segura”, diz o texto.

O vídeo foi publicado nas redes sociais do órgão militar em alusão ao Dia do Marinheiro, que é comemorado no dia 13 de dezembro.

“A peça tem, ainda, o objetivo de inspirar e atrair jovens genuinamente vocacionados para a carreira naval, chamando atenção para a realidade da vida na Marinha, marcada por desafios e dedicação integral ao serviço”, diz a nota da Marinha. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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