Terça-feira, 11 de novembro de 2025
Por Redação O Sul | 27 de fevereiro de 2016
Além da microcefalia, o vírus zika parece ser capaz de causar também anomalias fora do sistema nervoso central em bebês gestados por mães infectadas pelo vírus. Um estudo de caso divulgado por pesquisadores brasileiros e americanos reforça uma suspeita que já vem sendo aventada – de que o zika cause uma síndrome congênita –, e aponta para uma potencial relação com o acúmulo de líquido generalizado no corpo do bebê e morte do feto.
O trabalho relata o caso de uma menina nascida morta em Salvador (BA) com uma condição conhecida como hidranencefalia (em que os hemisférios cerebrais desaparecem e a cavidade é preenchida por líquido cefalorraquidiano), calcificações intracranianas e diversas outras lesões. O bebê apresentou ainda uma outra condição que até então não tinha sido relacionada com zika: a hidropsia, que se caracteriza por acúmulo de líquido e inchaço sob a pele, o peritônio (membrana que reveste a parte interna da cavidade abdominal) e a pleura (membrana que envolve o pulmão). Autópsia revelou a presença do vírus zika no córtex cerebral, na medula e no líquido amniótico.
“Resolvemos relatar o caso em revista científica porque apresenta uma evidência adicional de que o zika pode, além da microcefalia e de doenças oftalmológicas, estar ligado a ocorrência de hidropsia e à morte do feto”, conforme declarou à imprensa Antonio Raimundo de Almeida, diretor do Hospital Geral Roberto Santos, de Salvador, que acompanha, atualmente, pelo menos uma centena de crianças nascidas com microcefalia desde o dia 31 de outubro do ano passado. (AE)