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Por Redação O Sul | 7 de outubro de 2019
Campeão olímpico em 2016, Rogério Micale é um dos 46 técnicos com diploma da licença PRO, a mais alta concedida pela CBF (Confederação Brasileira de Futebol). Mesmo assim, no fim do ano passado, viu uma negociação com um clube coreano travar porque a certificação daqui ainda não é aceita na Ásia. Esse cenário pode mudar porque a CBF tentará mais uma cartada para que a Fifa reconheça a licença de técnico brasileira.
A proposta será a criação de um sistema mundial de certificação, com requisitos mínimos. Assim, a associação membro ou confederação cujo curso cumprir as exigências já teria o diploma aceito em todo o planeta. O tema estará sobre a mesa do Conselho da Fifa neste mês, em Xangai, na China.
O assunto foi discutido preliminarmente pelos presidentes da Fifa, Gianni Infantino, e da CBF, Rogério Caboclo, antes da premiação de melhor jogador do mundo, em Milão, na semana passada. Infantino tem se mostrado aberto à demanda brasileira e vê com bons olhos que o assunto seja levado ao Conselho, onde a representação é feita por Fernando Sarney, um dos vices da CBF.
“Queremos que a Fifa estabeleça a altura do sarrafo. Nós temos qualidade. Cumprimos requisitos que a Alemanha, a Uefa cumprem. Não sei quem passa o sarrafo, mas a gente passa”, disse Rogério Caboclo. Ainda não é possível saber como será a condução do tema no Conselho.
Atualmente, os técnicos brasileiros têm dificuldades para arrumarem emprego em diversos continentes, não só na Europa. Isso se deve à disseminação da política de licenciamento de clubes, que ficam submetidos a requisitos mínimos para disputarem competições domésticas e continentais. O próprio Brasil já exige licença A para os treinadores das Séries A e B do Brasileirão.
Os treinadores que já conseguiram a licença PRO podem trabalhar em solo europeu se comprovarem cinco anos de experiência na função. No fim do ano passado, a articulação da CBF era no sentido de que o aval viesse apenas com a conclusão do curso. A próxima turma da PRO está prevista para ir à Granja Comary, em Teresópolis (RJ), entre 9 e 18 de dezembro. Em 2018, a turma reuniu os técnicos Tite, Mano Menezes e Dunga, três dos quatro últimos comandantes da Seleção Brasileira.
A FBTF (Federação Brasileira de Treinadores de Futebol) é a entidade que representa a classe nas discussões com a CBF. A reunião formal mais recente foi durante a Copa América, e o pleito pelo reconhecimento das licenças foi reforçado.
“A licença é importante, é algo positivo para o nosso futebol. Ela gradua quem tem a condição de ser treinador. Inibe quem para de jogar de virar técnico no dia seguinte. É importante para moralizar o mercado. Perdemos os mercados árabe e o chinês. É um processo que está se estendendo muito, parece ser uma burocracia muito grande. Teoricamente, é simples, ninguém está inventando a roda. A carga horária é maior do que a Uefa. É meio absurdo o brasileiro, que foi desbravador, estar alijado do mercado asiático”, disse Alfredo Sampaio, secretário-geral da FBTF.