Sexta-feira, 19 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 18 de junho de 2019
A PF (Polícia Federal) deflagrou nesta terça-feira (18), a Operação Chabu para desarticular uma organização que violava sigilo de operações policiais em Santa Catarina. O grupo contava com uma rede de políticos, empresários e agentes da PF e da PRF (Polícia Rodoviária Federal). Além de vazar informações, contrabandeava equipamentos de contra inteligência. A PF prendeu o prefeito de Florianópolis, Gean Loureiro, que deixou recentemente o MDB. Um delegado e um ex-secretário da Casa Civil também são alvos da Chabu.
Além do prefeito, são alvos da operação: o delegado da Polícia Federal Fernando Amaro de Moraes Caieron, José Augusto Alves, Luciano da Cunha Teixeira, Hélio Sant’Anna e Silva Júnior, Marcelo Rubens Paiva Winter e Luciano Veloso Lima.
O magistrado determinou, além da prisão temporária por 5 dias de Gean Loureiro, o afastamento de suas funções de Prefeito de Florianópolis por trinta dias a contar do início da custódia. Leandro Paulsen também proibiu que o chefe do Executivo faça contato, por qualquer forma (presencial, telefônica, telemática etc.), pessoalmente ou mediante interposta pessoa, com os outros investigados, e ordenou que ele não se afaste do Estado de Santa Catarina sem prévia autorização da Justiça e entregue o passaporte. Loureiro, no entanto, foi solto ainda nesta terça.
A Fernando Amaro de Moraes Caieron, o desembargador também ordenou a prisão temporária por cinco dias. O desembargador determinou que o delegado compareça mensalmente à Justiça e o proibiu de acessar ou frequentar toda e qualquer dependência utilizada como sede de força policial, especialmente a Polícia Federal.
O delegado também foi proibido de contatar, pessoalmente ou por interposta pessoa, os demais envolvidos na investigação, não pode se ausentar, sem autorização judicial prévia de Santa Catarina, e teve suspensa sua função pública, sem prejuízo de seus vencimentos, pelo período necessário à conclusão das investigações sobre os fatos aqui apresentados. Leandro Paulsen ainda ordenou que Fernando Amaro de Moraes Caieron entregue ou recolha o distintivo, a carteira funcional, os uniformes, as camisas, os acessórios e demais bens que sejam aptos para se fazer identificar como servidor da Polícia, sua arma particular ou institucional e seu passaporte.
Os crimes foram descobertos a partir da análise dos materiais apreendidos durante a Operação Eclipse, deflagrada em agosto de 2018.
A PF identificou que a organização criminosa teria formado uma rede de políticos, empresários e servidores da própria corporação e também da Polícia Rodoviária Federal lotados em órgão de inteligência e investigação.
Segundo a PF, o grupo “embaraçava investigações policiais em curso e protegia o núcleo político em troca de vantagens financeiras e políticas”.
A investigação apurou ainda que a quadrilha vazava sistematicamente informações sobre operações policiais que ainda seriam deflagradas e também contrabandeava equipamentos de contra inteligência para montar ‘salas seguras’, à prova de monitoramento, em órgãos públicos e empresas.
A PF investiga associação criminosa, corrupção passiva, violação de sigilo funcional, tráfico de influência, corrupção ativa e tentativa de interferir em investigação penal que envolva organização criminosa.
Chabu
A Polícia Federal indicou que o nome da operação, Chabu, significa “dar problema, dar errado, falha no sistema”.
“O termo é utilizado em festas juninas quando falham fogos de artifício e era empregado por alguns dos investigados para avisar da existência de operações policiais que viriam a acontecer”, destacou a PF.
Nota
Em nota, a prefeitura de Florianópolis informou que Gean Loureiro concordou em prestar todas as informações e comparecer à PF para depor. “As informações preliminares dão conta de que não há nenhum ato ou desvio de recursos públicos relacionados à Prefeitura”, afirma a assessoria de Loureiro.