Quinta-feira, 25 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 21 de setembro de 2019
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, defendeu as atribuições da PF (Polícia Federal) e do Poder Judiciário, após críticas disparadas contra a realização de buscas e apreensões nos gabinetes do líder do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), e do filho dele, o deputado Fernando Coelho (DEM-PE).
“A Polícia Federal é uma instituição com autonomia e suas ações são controladas pela Justiça, não tendo o ministro da Justiça qualquer envolvimento em investigações específicas”, afirmou Moro.
Bezerra Coelho e o filho são investigados por suspeita de corrupção e lavagem de dinheiro. Delatores afirmam terem repassado R$ 5,5 milhões em propinas ao pai. A Operação Desintegração foi autorizada pelo ministro Luís Roberto Barroso, relator do caso no Supremo Tribunal Federal.
O presidente do Senado, Davi Alcolumbre, chamou a operação de “desarrazoada e desnecessária, em especial pela ausência de contemporaneidade”. Ele disse que vai questionar a ação no Supremo.
A declaração de Moro veio após a defesa de Fernando Bezerra Coelho ter afirmado que a operação era uma retaliação ao senador pela atuação dele contra abusos de órgãos de investigação. “Primeiro, teve uma declaração dele sobre o Moro ser esquecido. Mas, enfim, é uma retaliação no contexto político de tudo que está acontecendo”, disse o advogado de Bezerra, André Callegari.
Bolsonaro
O presidente Jair Bolsonaro cobrou do ministro da Justiça informações sobre os motivos da operação da PF que fez buscas e apreensões no gabinete do líder do governo no Senado na quinta-feira (19).
Algumas horas após a ação da PF, Moro foi ao Palácio da Alvorada para uma reunião com o presidente. O encontro não estava previsto na agenda de nenhum dos dois. Pessoas próximas ao ministro afirmam, no entanto, que a conversa com Bolsonaro foi tranquila.
A operação elevou a desconfiança entre o Palácio do Planalto e a PF. A ação contra o líder do governo foi recebida por aliados do presidente como uma reação da Polícia Federal às recentes investidas de Bolsonaro sobre a corporação.
Em ligação ao ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, Bezerra colocou seu cargo à disposição do presidente. O gaúcho afirmou que a posição do Palácio do Planalto é aguardar os desdobramentos da operação da PF, mas apontou que Bezerra terá que explicar à Justiça sua “vida pregressa”, de quando foi ministro do governo Dilma Rousseff (PT).