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Por Redação O Sul | 1 de janeiro de 2019
A PR (Procuradoria da República) no Distrito Federal quer ouvir o ex-ministro Antonio Palocci, delator da Operação Lava-Jato, sobre irregularidades em fundos de pensão estatais. A força-tarefa Greenfield pediu autorização ao juiz Danilo Pereira Júnior, da 12ª Vara Federal Execução Penais de Curitiba (PR) para que Palocci se desloque a Brasília nos dias 7, 8 e 9 deste mês.
Titular da pasta da Fazenda no governo de Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010) e da Casa Civil de Dilma Rousseff (2011-2016), ele foi condenado a nove anos de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro. Em setembro de 2016, foi preso na Operação Omertà (desdobramento da Lava-Jato) e, para se livrar da prisão, fechou acordo de delação com a PF (Polícia Federal), homologado pelo desembargador Gebran Neto, relator da Lava-Jato no TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região).
No dia 29 de novembro, Palocci o ex-ministro deixou a prisão dois anos e três meses depois de detido para cumprir pena provisória em regime prisional semiaberto domiciliar, com tornozeleira eletrônica. A investigação da Greenfield mira ilícitos contra fundos de pensão (principalmente Funcef, Petros e Previ) e FGTS, além de fraudes e desvios na Caixa Econômica Federal.
A força-tarefa iniciou sua apuração em 2016, com a elaboração de um plano de investigação no começo daquele ano e a execução da operação em setembro. Em agosto de 2018, os procuradores informaram, em relatório à Procuradoria-Geral da República, que os potenciais prejuízos dos casos alvo da operação chegam a R$ 54 bilhões.
À PF, o ex-ministro relatou suposta atuação criminosa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para viabilizar o projeto de nacionalizar a indústria naval e arrecadar recursos para “quatro ou cinco” campanhas do PT (em especial, na primeira eleição de Dilma Rousseff, em 2010), a reboque da descoberta do pré-sal.
Ainda conforme o delator, Lula e Dilma teriam determinado indevidamente a cinco ex-dirigentes dos fundos de pensão do Banco do Brasil (Previ), da Caixa Econômica Federal (Funcef) e da Petrobrás (Petros), indicados aos cargos pelo PT, que capitalizassem o ‘projeto sondas’. Cinco ex-dirigentes de fundos de pensão foram citados.
A operação financeira, que resultou na criação da Sete Brasil, em 2010, buscava viabilizar a construção no Brasil dos navios-sonda (embarcações que perfuram os poços de petróleo para a Petrobras explorar o pré-sal). “Dentro desse investimento, tinha todo ilícito possível”, afirmou o ex-ministro, em depoimento.
Palocci citou ‘reuniões’ de Lula com os representantes dos fundos, ‘muitas vezes em conjunto’, outras separadamente. A delação forneceu à PF pistas para confirmação dos encontros, alguns em ‘reuniões oficiais’ com atas. O ex-ministro afirmou ter alertado Lula sobre os riscos, por não serem ‘atas de reuniões, mas sim relatos de ilícitos’.
O delator disse ter sido procurado por ex-dirigentes dos fundos, que demonstraram ‘preocupação’. “Eles pediam para que eu ajudasse a tirar a pressão do Lula e da Dilma para que eles pudessem ter tempo de avaliar o projeto e fazer (os investimentos) de forma adequada.” Segundo Palocci, ‘o presidente reagia muito mal’. “Ele (Lula) falava ‘quem foi eleito fui eu, ou eles cumprem o que eu quero que façam ou eu troco os presidentes’.”