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Por Redação O Sul | 12 de julho de 2019
A decisão do presidente Jair Bolsonaro de anunciar o seu interesse na nomeação do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) como embaixador do Brasil nos Estados Unidos gerou desconforto no Itamaraty.
Diplomatas explicaram que existe uma prática diplomática universal de não anunciar o interesse em um nome, como chefe de um posto no exterior, antes de submetê-lo ao governo do referido país e receber o seu aval.
Na avaliação desses diplomatas, o nome de Eduardo Bolsonaro, por mais que seja filho do presidente e deputado federal, não teria sido oficialmente apresentado pelo governo brasileiro nem recebido o aval do governo americano, que eles chamam de “agrément”, por estar sendo cotado ao cargo.
Essa anuência, o “agrément”, é seguida por todos os países, não só pelo Brasil, e é realizada antes do anúncio do nome, em sigilo, porque o governo do país que recebe o embaixador, em tese, sempre pode rejeitar o nome aventado. Daí a ideia de que seria quebra de protocolo em relação ao cargo mais importante da diplomacia brasileira no exterior.
A nomeação do filho de Bolsonaro pode gerar outro dano à diplomacia, na avaliação de integrantes do Itamaraty. Hoje, 100% dos postos de embaixador são da carreira diplomática – o que não é uma obrigação constitucional, mas tem sido a regra nos últimos anos. A decisão pelo nome de Eduardo Bolsonaro quebraria essa prática retomada ainda na gestão de Celso Amorim, iniciada em 2003.
Eduardo disse que aceitaria um possível convite para ocupar o posto de embaixador do Brasil nos Estados Unidos, depois que o seu pai afirmou que cogita nomeá-lo para o cargo. Eduardo tratou o caso como “encaminhado”, disse que tem as “credenciais” para o cargo, mas afirmou que não houve um convite formal ainda.
O parlamentar ressaltou que, para que haja um avanço, falta uma conversa “olho no olho” com Bolsonaro e o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo. Para ocupar o posto em Washington, ele precisará ser aprovado em sabatina no Senado. O cargo também exige idade mínima de 35 anos, que Eduardo completou nesta semana.
“Se for da vontade do presidente, e ele, de maneira oficial, me empregar essa missão, eu aceitaria”, afirmou o parlamentar, que se disse disposto a renunciar ao cargo para assumir a missão. “Se o presidente Jair Bolsonaro me confiar essa missão, eu estaria disposto a renunciar ao mandato.”
Eduardo Bolsonaro disse que se sente preparado para ocupar o cargo de embaixador e afirmou acreditar que os Estados Unidos vão apoiar a iniciativa. Segundo ele, o governo do presidente Donald Trump não foi formalmente comunicado. “Fico imaginando, do lado de lá, o povo americano olhando o presidente de um país enviando seu filho para trabalhar lá. Falo inglês, falo espanhol, sou o deputado mais votado da história do Brasil, estou presidente da Creden [Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara]. Acredito que as credenciais me dão uma certa qualificação.”