Terça-feira, 14 de maio de 2024
Por Redação O Sul | 6 de abril de 2017
Uma semana antes de decidir o futuro dos juros no Brasil, o Banco Central anunciou que errou nas projeções para a inflação anunciadas na semana passada. E afirmou que elas são mais baixas do que o anunciado. Isso reforça ainda mais a previsão que a autoridade monetária acelerará o corte de juros na semana que vem. Segundo fontes da equipe econômica ouvidas pelo GLOBO, houve um erro operacional por uma falha humana, que contaminou as projeções. Isso abalou a equipe, já que há uma revisão ampla em todos os escalões do BC.
“O Relatório de Inflação é sempre um vai e volta de pedidos e trocas de informações entre todos os escalões. Muita gente lê e confere as estatísticas dos números”, conta um técnico da equipe econômica. Por algum motivo, desta vez, houve uma falha.
Por causa dessa falha, o Banco Central revisou as previsões feitas nos cenários considerados menos importantes neste momento (em que a queda da Selic é dada como certa). No “cenário híbrido”, que leva em consideração a taxa de câmbio projetada pelos analistas e a taxa básica constante, a projeção de inflação neste ano foi revisada de 3,9% para 3,7%. Para o ano que vem, passou de 4,2% para 3,5%.
No cenário considerado ainda menos importante pelo BC – o de juros e câmbio constantes, o antigo cenário de referência – a aposta neste ano passou de 3,9% para 3,6%. Para 2018, caiu de 4,0% para 3,3%.
Na divulgação do relatório trimestral de inflação, o BC afirmou que dará menos importância para esse cenário por não refletir a realidade como antes. Durante a entrevista coletiva, o diretor de Política Econômica do BC, Carlos Viana, disse que a divulgação da mudança de cenário foi decidida porque o cenário de referência (que leva em consideração juro e câmbio constantes) gerava ruído. O diretor argumentou que a projeção era vista como uma estimativa do BC, quando isso não era verdade.
“A nossa leitura é que estava mais ruído do que ajudando”falou na quinta-feira.
A previsão de baixa dos juros é tão grande, que o BC passou a adotar como oficial as contas feitas com os dados do mercado financeiro (que já levam em consideração os futuros cortes de juros). Nele, a projeção para a inflação deste ano continua em 4%: abaixo da meta estipulada pelo governo de 4,5%. Para 2018, a estimativa para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) permanece em 4,5%.
Para o economista-chefe da corretora Gradual, André Perfeito, as alterações são relevantes e apontam para duas coisas. “O BC vê espaço para cortes mais agressivos na Selic uma vez que tem “orçamento” para isso, e a desaceleração econômica em curso terá um efeito relevante na dinâmica de preços”, disse em comunicado aos clientes.