Sexta-feira, 19 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 8 de novembro de 2019
Uma pessoa morreu e 95 ficaram feridas nas cidades de Cochabamba, Quillacollo e Vinto em confrontos violentos na Bolívia. Em Cochabamba, um estudante de 20 anos foi morto no fim da tarde de quarta-feira durante choques entre opositores e partidários do presidente, Evo Morales, cuja vitória na eleição de 20 de outubro, que lhe deu o quarto mandato consecutivo, está sendo contestada. Os dois grupos se enfrentaram com paus, pedras e rojões, e alguns estudantes opositores utilizaram uma espécie de bazuca artesanal. As informações são do jornal O Globo e da agência de notícias AFP.
Em meio aos confrontos desta semana, a sede da prefeitura da cidade de Vinto, a 15 quilômetros de Cochabamba foi incendiada e a prefeita, agredida. Patricia Arce teve o cabelo cortado, foi pintada de vermelho e obrigada a andar descalça por vários quarteirões em meios aos gritos de “assassina! assassina!”. Após horas retida, a prefeita foi resgatada pela polícia.
Polícia rebelada
Nesta sexta-feira (8), unidades da polícia nas cidades bolivianas de Cochabamba (centro), Sucre (sudeste) e Santa Cruz (leste do pais) se rebelaram contra a polêmica vitória eleitoral de Evo Morales e afirmaram que não reprimirão mais os manifestantes da oposição que exigem a renúncia do presidente.
A revolta teve início em Cochabamba, quando um policial com o rosto coberto anunciou, no Quartel-General da Unidade Tática de Operações (Utop): “Estamos amotinados”. Outro policial acrescentou: “Vamos estar com o povo, não com os generais”.
Imagens de TV mostraram ao vivo cerca de 20 policiais no alto do edifício do quartel da polícia da Utop de Cochabamba, agitando uma bandeira boliviana, enquanto dezenas de jovens opositores se amontoavam nos arredores, saudando-os da rua.
Os manifestantes estouraram fogos e içaram em um mastro uma bandeira boliviana, entoando o hino nacional.
Assim como os rebelados de Cochabamba, os agentes do comando de Santa Cruz fecharam a unidade e vários policiais subiram no teto do prédio com bandeiras bolivianas.
Em Sucre, capital de Chuquisaca, um policial com o rosto coberto deu entrevista à TV dizendo que a polícia da região “está se unindo aos camaradas já rebelados em Cochabamba”. “Não podemos seguir com este ‘narcogoverno’, com esta democracia injusta”, afirmou.
Milhares de manifestantes foram às unidades policiais de La Paz, Potosí (sudoeste) e Trinidad (nordeste) para incentivar os policiais à revolta.