Domingo, 06 de julho de 2025
Por Redação O Sul | 18 de junho de 2019
Carole Ghosn, esposa do ex-presidente da aliança Renault-Nissan-Mitsubishi Carlos Ghosn, pretende recorrer ao presidente Jair Bolsonaro em defesa de seu marido.
O executivo brasileiro é acusado de crimes fiscais no Japão, o que provocou sua saída das montadoras, em meio a uma disputa entre Renault e Nissan para reequilibrar os termos da aliança automotiva. Carole disse que não fala com Ghosn desde o início de abril, quando o executivo foi preso pela segunda vez, após a apresentação de uma nova denúncia por parte do Ministério Público japonês.
“Os advogados me disseram que tudo que eu falasse poderia prejudicá-lo no julgamento, então fiquei quieta. Mas quero meu marido de volta, quero ele comigo. Sei que ele é inocente”, afirmou Carole. Durante a segunda prisão de Ghosn – ele agora está em regime domiciliar –, sua esposa viajou para França e Estados Unidos para pedir ajuda dos presidentes Emmanuel Macron e Donald Trump.
Agora, ela pretende apelar a Bolsonaro. O objetivo é fazer com que o tema seja discutido durante a cúpula do G20 em Osaka, no Japão, em 28 e 29 de junho. O executivo é acusado de subnotificar rendimentos e de se apropriar de recursos da Nissan. Em função do escândalo, Ghosn foi demitido da presidência da Nissan e da Mitsubishi e renunciou ao comando da Renault. Ele, no entanto, alega inocência e diz ser vítima de um “complô”.
“Me pintaram como a líder [do suposto esquema]”, alegou. “Sou uma dona de casa que criou três filhos, e estão fazendo parecer que sou uma esposa conivente”, disse Carole, de 52 anos, nascida em Beirute, de nacionalidade americana e libanesa. Carlos Ghosn já foi um titã da indústria dos automóveis, mas agora está detido no Japão, aguardando julgamento das acusações de improbidade financeira, que teriam sido praticadas enquanto esteva à frente da Nissan.
No começo do ano, Carole foi interrogada durante uma audiência fechada em um tribunal de Tóquio – mas nunca chegou a ser acusada. O motivo real, acredita ela, foi “me envolver na história para enfraquecer Carlos – e me calar”. A última vez que ela falou com o marido foi em uma manhã de abril, quando a polícia o levou do apartamento do casal em Tóquio.
Ghosn, detido pela primeira vez em novembro do ano passado, foi preso novamente depois, sob novas acusações. Teve susto, lágrimas, e o caos que você poderia esperar quando é acordado às 05h15min por 20 pessoas exigindo entrar na sua casa.
“Acho que queriam nos intimidar e nos humilhar”, avaliou. Ela se lembra de ser seguida enquanto andava pelo apartamento, até mesmo quando foi ao banheiro. “Essa mulher [que a seguia] me entregou até a toalha.”
A derrocada
“Os advogados me disseram que qualquer coisa que eu disser poderia prejudicá-lo no julgamento, então teria que manter minha boca fechada. Mas eu quero meu marido de volta. Quero ele comigo. Sei que ele é inocente”, disse ela, quase chorando. Se Carlos Ghosn é culpado, no entanto, cabe ao tribunal decidir. E apesar de afirmar a inocência do marido, Carole diz que não pode falar sobre as acusações em detalhes por recomendação dos advogados.
O declínio de Carlos Ghosn foi vertiginoso. O estilo de vida glamouroso desmoronou quando ele foi preso no ano passado a bordo do seu jatinho particular no aeroporto de Tóquio, acusado de ter subnotificado seus rendimentos na Nissan às autoridades.
O empresário franco-brasileiro é conhecido por ter liderado a volta por cima da Nissan no início dos anos 2000, quando a empresa de automóveis estava à beira da falência. Na sequência, ele orquestrou a aliança entre a Renault e a Mitsubishi. A trajetória bem-sucedida rendeu a ele a atenção de presidentes e primeiros-ministros – e até mesmo uma série ilustrada como herói de mangás, as famosas histórias em quadrinhos japonesas.