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Por Redação O Sul | 13 de novembro de 2019
O dia de protestos e greve geral no Chile, na terça-feira (12), deixou um saldo de 849 detidos, 46 civis feridos e 19 delegacias de polícia atacadas, como relatado nesta quarta (13) pelos carabineiros (polícia militarizada). O general Enrique Monrás, chefe da Área Metropolitana Ocidental dos Carabineros, disse que a terça foi “um dos dias mais violentos” em Santiago desde o início dos protestos, no dia 18 de outubro.
“Em nível nacional, ontem foi um dos dias mais violentos que tivemos, especialmente no que diz respeito aos ataques a quarteis, saques e número de oficiais feridos ao longo do dia”, disse Monrás a jornalistas.
Na terça, o Chile teve um dia agitado em termos de mobilizações, incluindo uma greve geral que levou milhares de pessoas às ruas em todo o país, mas que foi manchada por saques, incêndios e confrontos entre manifestantes e as forças de segurança.
Segundo o general, 248 mil pessoas participaram de manifestações no Chile, sendo que 80 mil foram na capital Santiago. “Cerca de 1,5 mil e 2 mil pessoas se dedicaram apenas aos distúrbios, agressão aos policiais e danos à propriedade pública e privada”, disse. Ele afirmou que cerca de 340 carabineiros foram feridos e 19 delegacias de polícia foram atacadas.
Quanto aos detidos, 209 pessoas foram presas em Santiago e 640 em outras regiões do país. Já 325 foram presos por participarem de saques em lojas. O número de civis feridos nos protestos foi de 46, dez deles na capital e 36 em outras áreas do país.
Ainda na terça, em conversa com jornalistas, o presidente Sebastián Piñera lamentou a violência e destruição do dia e anunciou que os policiais que se aposentaram recentemente serão reintegrados ao serviço para fortalecer as forças de segurança.
Piñera
Piñera afirmou que o país não pode avançar com tanta violência, e disse que “não tolerará” violações dos direitos humanos, prometendo ainda punir os responsáveis por atos criminosos. Segundo fontes do governo, o presidente pensou em adotar novamente o estado de emergência, que vigorou de 19 a 27 de outubro, mas preferiu não seguir adiante. O jornal La Terceradiz que a ideia dele é chamar a oposição para o diálogo — algo inviável caso os militares voltassem às ruas, mesmo com as críticas dos oposicionistas aos atos de vandalismo.
Segundo o La Tercera, um dos ataques em especial deixou o governo preocupado. Foi na região de Valparaíso, onde uma unidade da escola de engenheiros militares foi invadida por cerca de cem pessoas. Uma oficial ficou ferida e, em comunicado, o Exército afirmou que “novos ataques serão respondidos adequadamente com o uso de legítima defesa, com as capacidades colocadas à disposição do pessoal que guarda essas instalações”.
Após quatro semanas de protestos, o país está longe da normalidade. Muitas lojas comerciais em Santiago estão protegidas com tapumes, praças públicas foram destruídas, os bancos redobraram a segurança e abrem apenas uma pequena porta para os clientes, as universidades públicas estão paradas, as escolas funcionam irregularmente e a grande rede de metrô de Santiago — estopim das manifestações por causa de um aumento da passagem no início de outubro — foi seriamente afetada: das 136 estações, 118 foram danificadas e 25 completamente queimadas.
Constituinte
O mundo político reagiu de forma positiva ao chamado de Piñera. O presidente do Senado, Jaime Quintana, do opositor Partido pela Democracia, elogiou a decisão de não convocar o estado de emergência e frisou a necessidade de trabalhar em uma nova Constituição. Na mesma linha, o líder do Partido Socialista disse que o presidente está comprometido com a ideia de uma nova Carta, porém ressaltando a necessidade de convocação de uma Constituinte exclusiva, algo que Piñera ainda não está disposto a fazer. Dirigentes da Frente Ampla, de esquerda, também se pronunciaram contra as manifestações violentas.