Sexta-feira, 26 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 8 de outubro de 2017
Nenhum candidato da história recente dos Estados Unidos vinculou sua campanha de maneira tão enfática com a defesa do porte de armas como o atual presidente norte-americano Donald Trump.
O republicano recebeu o apoio incondicional e doações de US$ 30 milhões da NRA (Associação Nacional do Rifle, na sigla em inglês), o poderoso lobby pró-armas que tem uma influência desproporcional sobre o partido do presidente. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Logo depois de sua posse, em fevereiro, Trump sancionou decisão do Congresso de rejeitar regra do governo Barack Obama que vetava a compra de armas por quem recebia benefícios por invalidez, entre os quais estão pessoas com problemas mentais.
“O dia de hoje marca o começo de uma nova era para os donos de armas que obedecem à lei, pois nós temos um presidente que respeita e apoia o nosso direito de portar armas”, declarou na época o diretor-executivo do braço legislativo da NRA, Chris Cox.
No mês seguinte, o Departamento de Justiça decidiu que pessoas contra as quais existam ordens de captura só seriam impedidas de comprar armas se deixassem o Estado onde eram procuradas. De 1998 a 2017, o FBI (a polícia federal dos EUA) vetou a venda de armas para 175 mil cidadãos nessa categoria.
Disputa
Trump venceu a disputa eleitoral no interior dos EUA e nas cidades com menos de 50 mil habitantes, onde o porte de armas é disseminado. Sua adversária, Hillary Clinton, prevaleceu nas grandes áreas urbanas, dominadas por democratas favoráveis a restrições ao setor.
Juiz conservador
Entre as principais promessas do presidente durante a campanha estava a nomeação de um juiz conservador para a Suprema Corte, que defendesse de maneira irrestrita a Segunda Emenda da Constituição, na qual está previsto o direito às armas.
Influência
A NRA tem 5 milhões de filiados e usa sua influência sobre a base do Partido Republicano para barrar qualquer iniciativa legislativa que considere restritiva ao setor. O lobby inviabilizou tentativas de impor limites federais à compra de armas a determinados grupos ou de exigir checagem de antecedentes em todas as transações, mesmo as realizadas em feiras e ou entre particulares. Até os que integram a lista de suspeitos de terrorismo proibidos de tomar aviões nos EUA podem comprar armas.
Carnificina
A narrativa da entidade coincide com o discurso adotado por Trump, que em sua fala durante a posse se referiu à “carnificina” norte-americana. “A NRA criou a percepção de um perigo que não existe”, afirmou Michael Siegel, da Escola de Saúde Pública da Universidade de Boston.