Quinta-feira, 25 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 18 de junho de 2019
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, deve enfrentar ambiente hostil em audiência da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) do Senado nesta quarta-feira (19). Dos 54 parlamentares que a integram, 23 devem bater duro no ex-juiz e oito estariam dispostos a defendê-lo de forma enfática, segundo informações do jornal Folha de S.Paulo.
O escândalo das mensagens vazadas apenas aprofundou, conforme senadores, uma resistência a Moro que já estava consolidada no Senado. “Se Jair Bolsonaro indicar o nome de Moro para ser ministro do STF [Supremo Tribunal Federal], assistiremos a algo inédito: a rejeição, no Senado, de um candidato do presidente à Corte”, disse o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), que sempre foi um apoiador da Operação Lava-Jato.
A ida do ministro da Justiça à CCJ do Senado nesta quarta-feira foi resultado de um cálculo do desgaste a que o ex-juiz da Lava-Jato seria submetido no Congresso. Moro e outros auxiliares do presidente Jair Bolsonaro entenderam que ir espontaneamente ao Legislativo para explicar a troca de mensagens com o procurador Deltan Dallagnol era uma jogada relativamente segura, com o objetivo de frear eventual CPI com foco no ministro.
Nas conversas divulgadas pelo site The Intercept Brasil, o então juiz da Lava-Jato troca colaborações com Dallagnol, coordenador da força-tarefa. Segundo o site, as mensagens foram enviadas para o portal por fonte anônima e se referem ao período de 2015 a 2018.
No dia 10 deste mês, um dia após a divulgação das primeiras conversas, o senador Angelo Coronel (PSD-BA) protocolou na CCJ um requerimento para convocar o ministro. O congressista começou também a coletar assinaturas para criar uma CPI.
Nas redes sociais, parlamentares cobravam a volta da tramitação de projetos que combatem o abuso de autoridade e apontavam os reflexos que a crise teria no calendário do pacote anticrime apadrinhado por Moro.
No dia 11, parlamentares e ministros, inclusive o próprio Moro, se encontraram na cerimônia de comemoração do 154º aniversário da batalha naval do Riachuelo. Durante o evento, o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, foi avisado da apresentação dos requerimentos pela presidente da CCJ, senadora Simone Tebet (MDB-MS).
Assim, teve início o plano do governo federal para conter a crise. Apesar da tensão, Moro preferiu manter os compromissos agendados e foi ao Senado naquele dia almoçar com parlamentares de DEM, PL (ex-PR) e PSC.