Quarta-feira, 16 de julho de 2025
Por Redação O Sul | 25 de agosto de 2019
O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, disse ser contra usar o acordo com o Mercosul como forma de punir o Brasil pelo aumento do desmatamento. Alemanha e Espanha adotaram a mesma linha, ao contrário de Emmanuel Macron. As informações são do jornal Folha de S.Paulo.
Boris Johnson se somou à chanceler alemã, Angela Merkel, entre os líderes da União Europeia contrários ao uso do acordo comercial fechado com o Mercosul como instrumento de punição ao Brasil pelo controle frouxo das queimadas na Amazônia.
No sábado (24), Johnson fez críticas à ameaça de Emmanuel Macron de suspender o acordo entre a União Europeia e o Mercosul. Ao chegar a Biarritz, na França, que sedia a reunião do G7, o premiê falou sobre o assunto — um dia após o gabinete da chanceler alemã Angela Merkel fazer o mesmo em Berlim.
“Existem pessoas que vão usar qualquer desculpa para interferir no comércio e frustrar acordos, e eu não quero ver isso”, disse Johnson.
Na sexta (23), porta-voz de Merkel disse que a não conclusão do acordo com os países do Mercosul — Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai — “não era resposta apropriada aos acontecimentos em curso no Brasil”, e que a suspensão não ajudaria na mitigação do impacto dos incêndios.
A Espanha seguiu em linha semelhante. “O objetivo de luta contra a mudança climática é prioritário, mas consideramos que é justamente aplicando as cláusulas ambientais do acordo [com o Mercosul] que mais se pode avançar”, indicou neste sábado a presidência do governo espanhol em declaração recebida pela AFP.
Também neste sábado, o presidente do Conselho Europeu expressou grande preocupação com a escalada da crise ambiental brasileira, ainda que tenha reforçado o apoio ao acordo comercial firmado.
“É claro que apoiamos o acordo entre a UE e o Mercosul (…), mas é difícil imaginar um processo de ratificação enquanto o governo brasileiro permite a destruição da Amazônia”, disse Tusk ao chegar em Biarritz.
Firmado após 20 anos de negociações, o termo de cooperação comercial entre a UE e o Mercosul prevê eliminar, em 15 anos, mais de 90% das tarifas praticadas hoje nas transações de mercadorias entre os dois blocos.
Na sexta-feira, um dia após as primeiras manifestações de preocupação com os incêndios na Amazônia, o presidente francês acusou o Brasil de ter mentido ao assumir compromissos em defesa do ambiente na cúpula do G20 (grupo das economias mais desenvolvidas), em junho, e que isso inviabiliza a ratificação do acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul, concluído no mesmo mês.
A França foi seguida pela Irlanda, que colocou o acordo em xeque, e da Finlândia, que propôs suspensão às importações de carne do Brasil.
Bolsonaro, por outro lado, recebeu apoio do presidente americano, Donald Trump. O presidente brasileiro rebateu os ataques, mas decidiu reagir e tomar medidas de combate às chamas.