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Por Redação O Sul | 15 de novembro de 2017
Nesta semana, a Corte Nacional de Justiça do Equador decidiu levar a julgamento o vice-presidente Jorge Glas e outros 12 denunciados por associação criminosa no escândalo de subornos pagos pela Odebrecht. O caso de corrupção se refere a cinco obras públicas concedidas à construtora brasileira durante o governo de Rafael Correa (2007-2017).
A decisão do juiz Miguel Jurado torna Glas, em prisão preventiva desde o dia 2 de outubro, no político de mais alto escalão em atividade a ser julgado neste mega-caso, que já afeta 12 países da América Latina e também da África.
Depois de revisar todos os elementos de convicção apresentados pela Procuradoria, o juiz Miguel Jurado se decidiu pelo julgamento do vice-presidente e de outros 12 denunciados por autoria do crime de associação criminosa no Caso Odebrecht.
A Procuradoria afirma que Glas recebeu, por meio de um tio que agora também está detido, um total de quase 14 milhões de dólares em subornos por contratos de obras firmados pela Odebrecht no Equador.
De acordo com fontes judiciais, o processo pode prolongar-se por várias semanas. Se forem considerados culpados, Glas e os outros envolvidos, entre eles dois ex-diretores da petrolífera estatal venezuelana PDVSA, que estão foragidos, correm o risco de pegar de três a cinco anos de prisão.
A prisão preventiva e o processo contra o vice-presidente têm como pano de fundo o racha do movimento governista Aliança País – no poder desde 2007 – entre os partidários do presidente Lenín Moreno e os do ex-presidente Rafael Correa, grande aliado de Glas.
Alegação
Correa, que em várias ocasiões disse que existem provas contra Glas, sustenta que Moreno, que foi seu vice-presidente entre 2007 e 2013, se aliou à oposição tradicional e se utiliza da luta contra a corrupção para desprestigiar seu governo e afastá-lo da política.
A Procuradoria, que se absteve de acusar o delator e ex-diretor da Odebrecht no Equador José Conceição Santos Filho, adverte há semanas que Glas e outros envolvidos podem ser acusados de mais crimes, como corrupção e enriquecimento ilícito, com penas muito mais severas.
Família
Em uma carta dirigida aos seus filhos e também distribuída aos veículos de imprensa de seu país, Glas argumentou que está preso “apenas por defender suas idéias” e por “dar a própria cara, em vez de fugir”.
“Isso é difícil de dizer, mas quero que saibam que seu pai não fez nada de errado e que lhe colocaram na prisão apenas por defender suas ideias”, escreveu o vice-presidente.
No texto, Glas prossegue, “seu pai está preso, pois foi frontal e por ter dado sempre a cara. Seu pai nunca foge”. E cobra o sistema judicial, em que ele acusa de se deixar levar pelos ditames do poder.
“Nem todas as coisas na vida têm uma explicação fácil. Com o tempo se darão conta que aqueles que administram a justiça muitas vezes se rendem perante o poder e deixam de ser justo nas suas decisões”.