Quarta-feira, 08 de maio de 2024
Por Redação O Sul | 7 de novembro de 2017
Após cinco meses seguidos nos quais os depósitos na poupança superaram os saques, a tendência se inverteu em outubro, segundo o BC (Banco Central). De acordo como o relatório de poupança divulgado nesta terça-feira (7), na captação líquida, os saques superaram os depósitos em 2,006 bilhões de reais. As informações são da Agência Brasil.
Neste ano, de janeiro a abril, os saques superaram os depósitos. A retirada registrada em outubro foi a terceira maior do ano, sendo superada apenas pelas retiradas líquidas em janeiro (R$ 10,735 bilhões) e em março (R$ 4,996 bilhões). De maio a setembro, a poupança registrou mais depósitos. Agora, volta a fechar o mês no vermelho.
Nos 12 meses terminados em outubro, a poupança rendeu 7,32%, valor acima do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA)-15, que funciona como uma prévia da inflação oficial, que acumula 2,71% no mesmo período.
Até 2014, os brasileiros depositavam mais do que retiravam da poupança. Naquele ano, as captações líquidas chegaram a R$ 24 bilhões. Com o início da recessão econômica, em 2015, os investidores passaram a retirar dinheiro da caderneta para cobrirem dívidas, num cenário de queda da renda e de aumento de desemprego.
Em 2015, R$ 53,5 bilhões foram sacados da poupança, a maior retirada líquida da história. Em 2016, os saques superaram os depósitos em R$ 40,7 bilhões.
Nos meses anteriores a outubro, a poupança tinha voltado a atrair recursos mesmo com a queda de juros. Isso porque o investimento voltou a garantir rendimentos acima da inflação, que chegou a cair nos últimos meses antes de se estabilizar recentemente.
Economia global
O presidente do BC, Ilan Goldfajn, destacou nesta terça-feira, durante evento do BC do Uruguai, em Montevidéu, que a economia global está se aquecendo. “O crescimento global e do emprego se dá sem alta da inflação”, disse Goldfajn, de acordo com o jornal O Estado de S. Paul. Segundo ele, existe uma “sensação boa” em relação ao cenário global, mas isso não significa que não haja riscos.
“Se economia mundial continuar crescendo, não teremos inflação tão baixa. Há o risco de que a normalização monetária no exterior não se passe de forma tão suave”, afirmou. “Não temos todo o tempo do mundo.”
De acordo com Goldfajn, a reforma da Previdência precisa passar no Brasil, justamente para que o País possa ter um risco menor relacionado ao ambiente externo.
Ao mesmo tempo, destacou a importância do câmbio flutuante e de um balanço de pagamentos melhor. “E apesar de o câmbio flutuante ser importante, é importante também, na minha visão, ter reservas cambiais”, acrescentou.
“Balanço de pagamentos é importante, ter inflação baixa é importante, câmbio flutuante é importante e, daqui em diante, temos que fazer o dever de casa”, reforçou Goldfajn, em referência a mudanças que precisam ser levadas a cabo pelos países da América Latina.
Para ele, é importante “fazer o dever de casa” porque, hoje, há a sensação benigna em relação à economia global, mas os riscos permanecem.