Quarta-feira, 16 de julho de 2025
Por Redação O Sul | 9 de junho de 2019
Há seis anos, um “robô cirúrgico” usado em neurocirurgias está embalado e sem uso no Hospital Regional do Gama (HRG), no Distrito Federal. O G1 teve acesso a fotos do equipamento, que custou R$ 469.651,52 aos cofres públicos.
A máquina está no setor de hemodiálise do HRG e, segundo a Secretaria de Saúde do DF, ficará encaixotado até uma decisão final da Justiça sobre a destinação (entenda abaixo). O robô cirúrgico foi comprado em 2013, durante o governo de Agnelo Queiroz (PT).
Em maio de 2018, o ex-secretário de Saúde Rafael Barbosa, outros três ex-gestores da pasta e representantes de uma empresa de material hospitalar foram condenados pela compra sem licitação do equipamento. A tecnologia seria aplicada nos hospitais de Base, de Ceilândia, do Gama, de Taguatinga e de Sobradinho.
A reportagem não conseguiu contato com nenhum dos citados. Em nota enviada ao G1, a Secretaria de Saúde informou que pareceres técnicos emitidos na gestão passada dizem que o equipamento não pode ser instalado.
“Não há infraestrutura para a instalação do equipamento, principalmente em relação à capacidade da rede elétrica em alguns hospitais e à insuficiência da rede de comunicação via internet para integrar on-line o aparelho.”
A pasta informou, ainda, que profissionais não foram treinados para usar o aparelho.
O G1 questionou o Tribunal de Justiça do DF (TJDF) sobre o andamento do processo referente ao uso do robô cirúrgico. Em nota, o Tribunal informou que “o processo está em fase de recursos para as instâncias superiores”.
Entenda o caso
Em 2013, durante a gestão do então governador Agnelo Queiroz (PT), o GDF começou o processo de compra dos robôs para uso nos chamados “procedimentos invasivos”. O termo de referência, no entanto, “não demonstrou a vantagem da aquisição dessa tecnologia”, segundo consta no processo.
De acordo com o Ministério Público do DF (MPDFT), como na época não havia recursos para a aquisição desses equipamentos, “houve desvinculação de verbas com outras finalidades imprescindíveis”.
Para o MP, o contrato foi firmado de “forma temerária”, ou seja, sem a verificação de possibilidade de outras opções no mercado, com menor preço.
“Os gestores não prepararam os hospitais da rede pública para receber os equipamentos, que necessitam de uma infraestrutura diferenciada”, diz o MP.
Em 2014, após um ano da aquisição dos aparelhos, apenas um robô estava em uso no Hospital de Base, “sem informação da produtividade”.