Terça-feira, 08 de julho de 2025
Por Redação O Sul | 22 de agosto de 2020
Pelo menos 14 Estados e o Distrito Federal registram casos da síndrome que acomete crianças e adolescentes e pode estar relacionada à covid-19. Conforme levantamento feito pelo jornal Estadão com as secretarias estaduais da Saúde, o Brasil contabilizava 144 pessoas identificadas com a condição ou com quadro suspeito e nove mortes, duas delas em análise. Diante dessa nova síndrome, sobre a qual ainda se estuda a relação com a covid-19, os Estados se mobilizam para fazer uma vigilância eficiente em saúde a fim de monitorar e notificar as ocorrências.
Os dados foram levantados pela reportagem entre 18 e 19 de agosto. Dos 22 Estados que responderam ao pedido da reportagem, Acre, Amazonas, Goiás, Mato Grosso, Roraima e Tocantins informaram que, até agora, não têm registros da doença. Cinco secretarias não responderam ou a reportagem não conseguiu contato. Os números são diferentes daqueles divulgados pelo Ministério da Saúde no último balanço da pasta, que conta com informações até semana epidemiológica 30 (até 25 de julho).
Em nota, a pasta informou que a atualização e divulgação dos números são semanais, mas até a noite da quinta-feira (20) não havia novos dados disponíveis. Isso também explica a diferença entre os dados compilados pelo Estadão e os do governo federal. Conforme o órgão, até julho, 71 casos tinham sido registrados nos Estados de Ceará (29), Rio (22), Pará (18) e Piauí (2), além de três óbitos no Rio. Mas o Ceará, por exemplo, reporta 41 casos e duas mortes.
A Secretaria Estadual da Saúde do Rio Grande do Sul confirmou apenas na noite da última sexta-feira (21) o registro da Síndrome. Ela foi identificada em três meninas residentes nos municípios de Novo Hamburgo, Porto Alegre e Tenente Portela. De acordo com a SES, antes da pandemia, casos desta síndrome não tinham o registro compulsório junto à pasta. As primeiras notificações ocorreram no dia 8 de agosto.
No Pará, o ministério informa que há 18 casos, mas a secretaria estadual reportou apenas 7, que constam no próprio sistema nacional. A pasta explicou que as 18 pessoas foram diagnosticadas no Instituto Evandro Chagas, unidade de referência no Estado, que segue com um estudo sobre essa síndrome inflamatória. “Na ocasião do período de estudo em que esses casos foram diagnosticados, ainda não havia o monitoramento sistemático nacional dos casos. Desta forma, esses casos ainda estão sendo inseridos no formulário nacional”, disse o ministério.
Doença passou por Europa e EUA
No fim de abril, países da Europa começaram a relatar um conjunto incomum de sintomas em crianças. Já no começo de maio, foi a vez de os Estados Unidos reportarem hospitalizações relacionadas ao quadro, que começa com febre e pode apresentar manchas vermelhas pelo corpo. O quadro descrito como síndrome inflamatória multissistêmica pediátrica (SIM-P) pode afetar pessoas de 0 a 19 anos. A maioria dos casos conhecidos tem relação com o novo coronavírus, mas, por ora, as evidências são inconclusivas quanto à relação de causa e efeito. Tem-se uma relação temporal, em que a condição é identificada semanas após a contaminação, mesmo depois de uma boa evolução da covid-19.
Embora os casos sejam recentes no Brasil, com orientações do Ministério da Saúde para notificação a partir de julho, há registros anteriores a isso. A Secretaria da Saúde do Rio, por exemplo, disse que o 1º caso foi notificado em 5 de março. A partir do momento em que os Estados começaram a ser notificados pelo ministério sobre a necessidade de monitoramento dos casos de SIM-P, alertas foram emitidos a todas as unidades de saúde e centros de operações de emergências foram criados.