Terça-feira, 17 de junho de 2025
Por Redação O Sul | 3 de julho de 2021
O iPod já não é tão famoso ou cobiçado, mas ele deixou sua marca no mercado e impulsionou a Apple antes da chegada do iPhone.
Foto: ReproduçãoLançado há duas décadas, o iPod já não tem a mesma popularidade de alguns anos atrás. Sua principal utilidade, a de ouvir música em qualquer lugar, foi incorporada a vários outros dispositivos, como o iPhone, anunciado depois pela própria Apple.
Antes disponível em inúmeras cores e tamanhos, hoje o iPod é vendido em um único modelo cujo design se assemelha a um iPhone de 2013, demonstrando que esse já não é o produto mais vendido (ou procurado) da Apple. Ainda assim, é inegável que ele foi um dos grandes responsáveis pela ascensão da empresa, além de ter revolucionado o mercado de música ao ponto de diversos concorrentes se inspirarem em suas funções.
Mas antes de todo esse sucesso, a gigante de Cupertino precisou enfrentar algumas batalhas para que seu reprodutor de mídia portátil ganhasse a atenção do público, principalmente nos primeiros anos de lançamento.
Chegada ao mercado
A Apple não costuma ser a primeira empresa a lançar um produto. Antes de qualquer anúncio, a gigante de Cupertino analisa bem como aquele dispositivo pode impactar a vida dos usuários e, consequentemente, o mercado de tecnologia — e com o iPod não foi diferente.
Rafael Fischmann, fundador e editor-chefe do MacMagazine, comenta ao Tecnoblog que “quando ela [Apple] vê uma oportunidade, ela normalmente demora um pouco, analisa, prototipa internamente e não coloca produtos com uma pegada de protótipo no mercado”. Isso aconteceu com o iPod, já que, mesmo após o retorno de Steve Jobs em 1997, a Apple ainda demorou quatro anos para lançar a primeira versão.
O iPod classic, oficializado em outubro de 2001, foi um divisor de águas. Isso porque a empresa enfrentava um grande período de crise, e na tentativa de crescer novamente, decidiu recontratar Steve, que, enquanto esteve ausente, criou a NeXT Computers.
Essa foi uma decisão acertada, pois assim que retornou como CEO, Steve conseguiu resolver diversos problemas e, para colocar a Apple nos “holofotes” novamente, apresentou o iPod classic. Esse primeiro modelo tinha uma capacidade máxima de 5 GB e prometia carregar em seu bolso nada menos que mil músicas, um número gigantesco para a época.
Novidade
O iPod também era bastante leve e compacto, sendo esse um dos grandes diferenciais em relação aos concorrentes, que, além de não entregarem uma boa experiência de uso, eram pesados e pouco portáteis. “Ela [Apple] trouxe um dispositivo super bonito, portátil, fácil de usar, com uma ótima interface e uma interação fantástica com a click wheel”, comenta Rafael.
O conector FireWire também desempenhou um papel importante no lançamento do primeiro iPod. Isso porque ele era bem mais rápido que o USB 1.0 utilizado na época. Por outro lado, esse novo padrão só permitia que o iPod funcionasse em computadores Mac — uma limitação deixada de lado em futuras versões. “O FireWire foi algo que mudou anos depois quando ela passou para o USB e popularizou o iPod no mundo Windows. Ele era super rápido: você conectava e já sincronizava em poucos segundos”, explica Rafael.
Apesar de trazer benefícios, Sérgio Miranda, ex-editor da revista Mac+ e desenvolvedor de produtos na Geonav, explica ao Tecnoblog que a Apple conseguiu expandir ainda mais com a remoção desse padrão. “Quando dois anos depois, no iPod de terceira geração, ela [Apple] tira o FireWire e passa a usar o USB, dando acesso aos usuários Windows, aí sim ela começa a criar uma atração maior num produto que alavancou a empresa”, comenta.
Pouco tempo depois do lançamento do primeiro iPod, o próprio Steve Jobs pôde constatar o sucesso do produto ao andar pelas ruas de Nova York. “O Jobs falava que percebeu que o iPod tinha se tornado algo importante quando viu várias pessoas com fones de ouvido branco. Ninguém fazia fones de ouvido nessa cor. O único que existia era os do iPod”, explica Sérgio.
O primeiro iPod também chamou a atenção dos consumidores por trazer um software dedicado à transferência de músicas. “A Apple fez um pacote completo. O dispositivo tinha um programa [iTunes] que permitia selecionar toda a sua biblioteca, nomear canções e organizá-las do jeito que quisesse”, comenta Rafael Fischmann.
O iTunes ainda desempenhou um papel importante na recepção positiva do iPod porque ele permitia criar várias playlists com certa facilidade, reunindo músicas de artistas diferentes em um só lugar e, consequentemente, eliminando aquela necessidade de ouvir apenas as canções de um determinado álbum.