Quarta-feira, 08 de maio de 2024
Por Redação O Sul | 23 de novembro de 2020
A vacina contra o coronavírus desenvolvida pela Universidade de Oxford em parceria com a farmacêutica AstraZeneca tem eficácia que varia de 62% a 90% contra a Covid-19, apontam estudos feitos com mais de 20 mil pessoas. Em média, a proteção oferecida é de 70%.
O anúncio é, ao mesmo tempo, uma boa notícia e uma relativa decepção depois que as vacinas desenvolvidas pela Pfizer/BioNTech e pela Moderna mostraram um nível de proteção de 95%.
No entanto, a vacina de Oxford é muito mais barata e mais fácil de armazenar e chegar a todos os cantos do mundo do que esses dois imunizantes, que precisam ser conservadas em baixíssimas temperaturas.
Dessa forma, caso seja aprovada por órgãos reguladores, a vacina de Oxford/AstraZeneca terá um papel fundamental no combate à pandemia. Especialistas avaliam que nenhum imunizante terá sozinho a capacidade de conter a doença, algo que seria possível apenas com a distribuição dos vários imunizantes eficazes, seguros e disponíveis.
“O anúncio de hoje nos leva mais perto do momento em que poderemos usar vacinas para acabar com a devastação causada (pelo coronavírus)”, disse a cientista que projetou a vacina, Sarah Gilbert.
Num espaço de dez meses, os pesquisadores da universidade britânica realizaram um processo de desenvolvimento de vacina que tradicionalmente leva uma década.
O governo do Reino Unido encomendou 100 milhões de doses da chamada “vacina de Oxford”, o suficiente para imunizar 50 milhões de pessoas. O governo brasileiro, por meio da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), também planeja distribuir 100 milhões de doses.
Mais de 20 mil voluntários estiveram envolvidos, metade no Reino Unido e o restante no Brasil.
Eles foram divididos em diversos grupos. Foram registrados 30 casos de Covid-19 em pessoas que receberam as duas doses da vacina e 101 casos da doença em pessoas que receberam um placebo.
Por isso, os pesquisadores afirmaram que o imunizante oferece 70% de proteção em média.
Quando os voluntários receberam duas doses “altas”, a proteção foi de 62%, mas aumentou para 90% quando as pessoas receberam uma dose baixa seguida por uma alta. Não está claro ainda por que há essa diferença.
“Estamos muito satisfeitos com esses resultados”, disse o professor Andrew Pollard, o principal pesquisador do estudo, em entrevista à BBC.
Ele disse que os dados de eficácia de 90% eram “intrigantes” e significavam que “teríamos muito mais doses para distribuir”.
Além disso, fases anteriores da pesquisa apontaram que a vacina funcionava de forma eficaz para todas as faixas etárias.
No cenário mundial, os responsáveis pela vacina Oxford/AstraZeneca garantem que terão a capacidade de entregar 3 bilhões de doses ao longo de 2021. Além disso, esse imunizante pode ser armazenado em geladeiras comuns, o que significa que pode ser distribuído em todos os cantos do mundo. Além disso, o custo no Brasil giraria em torno de R$ 12 por dose.
Por outro lado, as fabricantes das vacinas Pfizer/BioNTech e Moderna afirmam que terão capacidade de produção de 1,3 bilhão e de 1 bilhão de doses em 2021, respectivamente, mas demandam temperaturas muito mais baixas.
A princípio, o imunizante Pfizer/BioNTech precisa de temperatura de -70°C para evitar que a substância perca seu efeito. Isso pode se tornar um grande empecilho em regiões remotas ou muito quentes.
Outro problema seria a disponibilidade desse imunizante no Brasil. Por ora, não há nenhum acerto para compra ou transferência de tecnologia ao país. Mesmo se o governo brasileiro e as duas empresas fecharem um acordo, as primeiras doses só chegariam aqui a partir do primeiro trimestre de 2021, uma vez que outras nações já garantiram os primeiros lotes.
Em comparação, o produto da Moderna tem a vantagem de um armazenamento a -20 °C. Essa é uma temperatura muito mais fácil de garantir com os congeladores e freezers de que o Brasil dispõe atualmente. As informações são da BBC News.