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Economia Relatório de Política Monetária do Banco Central não traz nenhuma pista sobre o tempo em que os juros precisarão ficar parados nos atuais 15% ao ano

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A avaliação do Copom é que o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro trimestre ficou em linha com o esperado. (Foto: Marcos Santos/USP Imagens)

O Relatório de Política Monetária (RPM) de junho, divulgado pelo Banco Central (BC), não traz nenhuma pista adicional sobre o tempo em que os juros precisarão ficar parados nos atuais 15% ao ano para levar a inflação à meta, definida em 3%.

Se o Banco Central estivesse disposto, neste momento, a dar sinalizações mais claras, poderia ter divulgado um novo conjunto de projeções que mostraria a evolução da inflação na hipótese de os juros ficarem permanentemente parados em 15% ao ano.

O que foi aberto no relatório é apenas a projeção tradicional, que toma como base a trajetória de cortes de juros esperada pelos participantes do mercado, a qual se inicia apenas em 2026.

Por essa projeção, a inflação nunca chega à meta. Como já foi divulgado na semana passada, a variação do IPCA estimada para 2026, que é o horizonte relevante de política monetária, fica em 3,6%. A novidade do relatório é a abertura da projeção para 2027, quando, segundo o BC, a inflação fica em 3,2%, também acima da meta.

Uma leitura mais generosa desses 3,2% para 2027 diria que, num horizonte tão longo, o percentual é próximo o suficiente da meta e, portanto, a trajetória de juros prevista pelos analistas econômicos seria suficiente.

Há duas ressalvas importantes, porém. Primeiro, o horizonte de cumprimento da meta de inflação é 2026. O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, terá que escrever em breve uma nova justificativa para o estouro da meta que detalhe as providências para o seu cumprimento exatamente nesse horizonte temporal. A segunda ressalva é que, em prazos tão longos como 2027, as projeções são pouco confiáveis.

Muito provavelmente, seria preciso uma dose de juros mais alta do que a trajetória prevista pelo mercado para fazer a inflação chegar à meta, embora o cenário seja muito incerto para fazer uma afirmação definitiva.

Em tese, o BC poderia aplicá-la de duas maneiras. Uma seria subir mais os juros. Isso foi feito na reunião da semana passada, quando a Selic foi a 15% ao ano, portanto acima dos 14,75% ao ano que estavam nas contas do mercado — e que alimentaram a projeção de inflação de 3,6% para 2026 feita pelo Banco Central.

A outra forma de lidar com o problema é manter os juros altos. Uma das novidades na comunicação recente do Copom foi dizer que os juros vão ficar altos por período “bastante prolongado”. Antes, o Copom dizia apenas “período prolongado”, sem o “bastante”.

No mínimo, essa qualificação — “bastante” — deveria conter as apostas do mercado em torno de cortes prematuros de juros. Mas é inevitável questionar se o “bastante” significa que os juros teriam que ficar altos por mais tempo do que o previsto na trajetória da Selic do boletim Focus, que alimenta os modelos de projeção do Copom.

O Banco Central tem sido vago sobre isso na sua comunicação oficial, alegando que o quadro de incertezas impede que ele faça indicações muito claras da trajetória da Selic. Sua promessa é reagir aos acontecimentos com os juros adequados para garantir que a inflação caia para a meta de 3%.

Sem uma projeção alternativa no relatório que leve em conta a taxa Selic estável em 15% ao ano, o Banco Central mantém a mesma abordagem de evitar dar sinais muito concretos sobre suas intenções futuras — que poderiam ser equivocadamente entendidas como promessa pelo mercado.

A preocupação em não comunicar um caminho pré-definido para a Selic faz sentido, já que os dados continuam surpreendendo, como mostra a atividade econômica, e os riscos são mais altos que o normal.

A avaliação do Copom é que o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro trimestre ficou em linha com o esperado. Sua avaliação é que o que saiu fora do esperado foram principalmente os setores menos cíclicos.

Mas, com o mercado de trabalho mais forte do que o antecipado, o grau de sobreaquecimento da economia ficou mais forte do que o inicialmente estimado pela autoridade monetária. No relatório anterior, o Copom estimava que o sobreaquecimento estava em 0,6% no primeiro trimestre. Agora, reviu para 0,9%.

O cenário continua sendo o de desaceleração gradual, que levaria a uma ociosidade de 0,8% no fim de 2026. Mas os dados correntes têm mandado mensagens dúbias sobre a atividade, e o Banco Central precisa manter um grau de flexibilidade para reagir ao que ocorrer. As informações são do jornal Valor Econômico.

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