Quarta-feira, 19 de novembro de 2025

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Colunistas Encerramentos e recomeços: como acolher as mudanças de fim de ano

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Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editoriais de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

Fim de ano é sempre um território curioso. Parece que no primeiro de dezembro algo se acende dentro da gente: um relógio interno, uma vontade de revisar o tempo. Já estive em todos os lugares possíveis dessa jornada: a que se desespera com o que não conseguiu fazer, a que quer que o ano acabe logo, e a que chega à linha de chegada com serenidade. Este ano, com ênfase em este, escolhi a terceira opção.

Sempre fui uma mulher fascinada pela ideia de ciclos. Encerrar um para abrir outro me traz a sensação de ordem e propósito. É como se, entre o 31 de dezembro e o 1º de janeiro, fosse possível zerar o cronômetro e começar de novo – e, de certo modo, é.

Tenho meus rituais: gosto de escrever uma carta de despedida para o ano que termina, agradecendo o que vivi, me despedindo do que não quero mais carregar e acolhendo as versões de mim que precisei deixar para trás. Às vezes, choro no meio do processo. Outras vezes, rio de lembranças pequenas que só agora percebo o quanto foram grandes. Também faço listas de intenções, pulo sete ondas, como uva, medito e acendo uma vela para lembrar que o recomeço sempre vem de dentro.

Esses rituais me lembram que a vida é feita de passagens. E que, como nas estações, a gente muda também. Algumas relações se transformam, certos lugares deixam de caber, alguns sonhos mudam de forma. Já percebi que não é sobre perder, mas sobre se atualizar. O que parecia essencial há um tempo pode, de repente, se tornar leve o suficiente para ir embora.

Gosto de pensar nas pessoas que cruzaram meu caminho como personagens de uma série: algumas vêm para causar e somem na temporada seguinte, depois de cumprirem o papel que precisavam cumprir. A questão é que, na vida real, a gente demora a entender os motivos. Já me peguei tentando segurar o que já tinha cumprido seu ciclo – até perceber que às vezes as pessoas não fazem o que queremos, mas nos entregam algo inesperado. Um aprendizado, um espelho, um lembrete. A partir do momento em que reconheço isso, posso agradecer e deixar ir.

Deixar ir é um gesto de amor. Amor pela vida, por mim e até pelo outro. Nem sempre é fácil abandonar o que é confortável, o que parecia seguro, o que já conheço de cor. Mas o novo só entra quando o velho tem permissão para partir. A vida é movimento – e quando tento controlá-la demais, ela estagna.

Hoje, prefiro seguir o fluxo. Mesmo que o ritmo não seja o que eu esperava. Mesmo que a estrada tenha curvas que eu não planejei. Como dizem os espanhóis: “¡Es lo que hay!” – é o que há. E, no fundo, é isso o que me sustenta: saber que a vida continua, mesmo quando não entendo tudo, e que posso sempre tentar de novo – com mais amor, mais presença e um pouco mais de mim.

*Luciana Palhares é luso-brasileira, nascida no Rio de Janeiro, onde cresceu entre livros, idiomas e arte. Além de autora, atua como atriz, performer, cantora, taróloga, consteladora familiar, radiestesista e modelo vivo. Publicou “Pequenas Verdades e Outras Histórias” (2022) e agora “Para Entender Uma História De Amor” (2025). Também oferece mentorias individuais ou em grupo no Escrita Íntima, seu projeto de escrita terapêutica.

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
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