Armando Burd Episódio para entrar na História

(Foto: ABr)

Jamais um julgamento no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) despertou tanta atenção como o iniciado ontem à noite. Mais do que a sentença, o debate em torno do processo tem caráter didático. Com transmissão ao vivo, mazelas e crimes ficam expostos. Nas sessões de hoje e amanhã, continuaremos a acompanhar uma cirurgia profunda, sem anestesia, que irá às profundezas, revelando métodos espúrios de financiamento. São práticas condenáveis sobre as quais muito se ouvia falar. Porém, grande parcela da opinião pública já considerava inevitáveis e incorporadas às campanhas.

Outro resultado do julgamento deverá ser o estabelecimento de novo parâmetro, intimidando práticas ilegais de candidatos e partidos nas próximas campanhas. Os eleitores e contribuintes de impostos sentiam-se ultrajados, mas suportavam inconsoláveis. A virada está chegando.

Contrariados

Se for decidida a abreviação do mandato do presidente Michel Temer, empresários responsabilizarão o PSDB por travar as reformas, cuja aprovação consideram indispensável para a retomada do desenvolvimento. Querem também saber de onde os tucanos tiraram os 300 mil reais para o pagamento do escritório de advocacia que sustenta a acusação. Suspeitam que tenha relação com caixa 2.

Erros no poder

Trecho de artigo de Torquato Jardim, hoje ministro da Justiça, publicado em dezembro de 2012:

“O Brasil está recheado de narcisistas, pessoas fascinadas pelo seu próprio brilho, um brilho ilusório, porque muitas perderam o poder, mas não o orgulho. Que tipo de mal os narcisistas cometem contra si mesmos e contra a sociedade? O maior dos males é o da inação, o da inércia. Presos no simulacro do poder, exibem um prestígio falso, que frequentemente conduz ao ócio. Os malabaristas da política promovem a mistificação das massas, fazendo-as crer que o discurso é a ação, o verbo é a obra, a palavra é sinônimo de verdade. Muitos se transformam em dândis, com seu prazer em surpreender, espantar.”

Torquato finalizou:

“Muito cuidado com os efeitos mágicos do Estado-espetáculo. Um dia, mais cedo ou mais tarde, o povo, cansado de ver tanto malabarismo, fará a mágica que nenhum representante gostaria de ver: mandá-lo de volta para sua casa sem o passaporte do mandato popular.”

Samba em uma nota só

“A reforma partidária ficará para adiante. Os caixas quebrados e a emergência em recuperá-los fazem com que as reformas da Previdência e tributária tenham prioridade. Sem fidelidade partidária e com balcão de negociações em permanente funcionamento, o Senado e a Câmara dos Deputados continuarão entregues a velhas raposas que comandam partidos sem ideários”

Foi o que este colunista publicou em junho de 2003. O cenário não mudou muito.

Situação indigesta

O Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Rio de Janeiro são os estados em que o debate da sucessão do governo está travado. Não por acaso, os Estados que vivem longos e penosos dias de calamidade financeira. O distanciamento revela o pouco interesse em chegar ao gabinete do Palácio Piratini, a 1º de janeiro de 2019, e encontrar um abacaxi gigante sobre a mesa.

Nas alturas

A 7 de maio de 1987, a Fundação Getulio Vargas anunciou que a inflação de maio tinha atingido 27,58%, o mais alto índice da história brasileira.

No mar tempestuoso

Brasília fica a 1 mil e 200 quilômetros do Litoral, porém o que mais se ouve na nau dos partidos considerados governistas é o aviso: “Descer escalares e marujos ao mar”.

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