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Por Redação O Sul | 24 de abril de 2019
Um estudo realizado pelo Centro de Pesquisa de Oncologia Digestiva da Universidade de Ciências Médicas de Teerã, no Irã, apontou que beber três xícaras de chá verde ou preto (o equivalente a 700 ml) em temperatura acima de 60°C aumentaria a probabilidade de câncer de esôfago em 90% em relação às pessoas que esperam a bebida esfriar.
A estimativa do Inca (Instituto Nacional do Câncer) para este ano é de 10.790 novos casos da doença no Brasil. O tumor no esôfago é o sexto mais comum entre os brasileiros.
“Muitas pessoas gostam de bebidas quentes. No entanto, de acordo com o nosso relatório, beber chá muito quente pode aumentar o risco de câncer de esôfago e, portanto, é aconselhável esperar até as bebidas esfriarem”, disse o principal autor do estudo, Farhad Islami, da Associação Americana do Câncer e da Universidade de Ciências Médicas de Teerã.
O estudo acompanhou 50.045 pessoas, com idades entre 40 e 75 anos, por dez anos. A relação entre bebidas quentes e o aumento de chance de tumor no esôfago já era conhecida. Mas essa é a primeira vez que pesquisadores apontam a partir de qual temperatura o líquido passa a oferecer risco para a saúde.
“Essa ingestão pode causar pequenas áreas de queimadura na superfície interna que reveste o esôfago. Elas podem gerar uma lesão crônica naquela região, que favorece o contato de agentes carcinogênicos diretamente com o tecido do esôfago, agora sem tanta proteção por estar queimado”, explicou Raphael Araujo, cirurgião oncológico do aparelho digestivo e coordenador da equipe de cirurgia oncológica do Hospital Paulistano.
Apesar de o estudo ter sido feito com chá verde e preto, o café também pode provocar lesões no esôfago que aumentam o risco de câncer. “Ninguém precisa parar de tomar café, só não deve tomá-lo tão quente”, recomendou Raphael Araujo.
Outra maneira de prevenir o câncer de esôfago é evitar o consumo de cigarro e álcool. “Eles aumentam a lesão crônica nesse órgão, tanto pela fumaça do cigarro como pelo álcool, principalmente o destilado”, disse o cirurgião.
Bacon e carne
Um estudo do Reino Unido feito a partir de dados de 475 mil pessoas mostrou uma ligação entre o consumo de carne vermelha e de carnes processadas, como bacon e linguiça, e a ocorrência de câncer colorretal (de intestino ou reto).
A pesquisa foi publicada na semana passada na revista International Journal of Epidemiology. Foram avaliadas informações de pacientes entre 40 e 69 anos, ao longo de 5,7 anos, em média. Nesse período, foram detectados 2.609 casos de câncer colorretal.