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Brasil “A compra de vacinas por empresas é um absurdo”, diz um dos maiores empresários do País

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Executivo vê "abuso de poder econômico" nessas iniciativas. (Foto: Reprodução/YouTube)

Engajado no grupo Unidos pela Vacina, liderado pela empresária Luiza Trajano, do Magazine Luiza, o presidente da gigante de papel e celulose Suzano, Walter Schalka, está trabalhando diretamente no contato com os laboratórios globais para entender a disponibilidade de vacinas para acelerar a imunização contra a covid-19 no Brasil. Em um momento em que empresas tentam se mobilizar para imunizar funcionários, furando a fila de grupos prioritários, ele se coloca diretamente contra esse tipo de estratégia unilateral.

Embora esteja preocupado com a proliferação da doença no Brasil – atualmente o País já passa da média de 3 mil mortes diárias, despertando preocupação mundial –, Schalka afirma que há chance de a vacinação ganhar velocidade, especialmente a partir de meados de maio. Ele vê o ritmo de imunização podendo crescer e se manter acima de 1,5 milhão de vacinações diárias em um período de 30 a 45 dias. À medida que a imunização dos Estados Unidos atinja toda a população adulta, a esperança é que sobrem vacinas para outros países, incluindo o Brasil.

Leia, a seguir, os principais trechos da entrevista:

1) Como o sr. vê a questão da vacinação? Por que ela evolui de forma lenta no Brasil?

Vejo um conjunto de problemas que começou com a falta de vacinas. Na realidade, todo o sistema brasileiro de vacinação contra a covid-19 foi baseado inicialmente apenas na Fiocruz, que fechou o contrato com a AstraZeneca para a vacina de Oxford. E depois disso ficou claro que isso seria insuficiente e se recorreu também ao Butantan, com a CoronaVac. Quando mesmo assim ficou claro que iríamos ter problemas de IFA (insumo necessário para a produção de vacinas) e com o envasamento, procuraram-se outras alternativas. Fechou-se o contrato de 100 milhões de vacinas com a Pfizer e depois mais 38 milhões de doses com a Janssen, da Johnson & Johnson, sendo que a maioria vai chegar principalmente no último trimestre. E ainda tem as discussões relativas à Sputnik e à Covax Facility.

2) Qual é o papel do setor privado na agilização da vacinação?

O setor privado deve ajudar na aceleração da vacinação, mas auxiliando na redução dos gargalos para agilizar os processos do sistema de vacinação. O grupo Unidos pela Vacina trabalha em todos esses aspectos, incluindo a questão da comunicação. Uma das questões é gerar demanda pela vacina, fazer com que a população queira tomá-la, porque havia um processo de rejeição ao imunizante que foi diminuindo ao longo do tempo.

É preciso ainda endereçar os problemas locais: isso porque a vacina sai do governo federal, vai para os Estados e é aplicada nos municípios. Estamos olhando mais de 5,3 mil municípios para resolver problemas das cidades. Isso porque falta geladeira, em outro caso um ar-condicionado, em outro o problema é a internet, o computador ou até a falta de sala adequada para aplicação da vacina.

3) Como o sr. avalia o combate à pandemia pelo governo?

Deveríamos organizar a fila de forma única, com todos os secretários de Saúde dos Estados e dos municípios. Obviamente, seria bom ter uma orientação única do governo federal. Isso seria o melhor para toda a sociedade. Mas, neste momento, não temos de buscar culpados ou apontar o dedo, temos de achar a solução para o Brasil, para a gente ter a mitigação da crise e deixar de ser o epicentro global da covid-19. É preciso despolitizar essa situação.

4) Qual é sua opinião sobre a compra de vacinas por empresas, para imunizar funcionários?

Sou totalmente contra, diretamente contra. Isso é um absurdo, é utilizar o poder econômico para privilegiar um grupo seleto de pessoas. É uma forma de aumentar diferenças. Enquanto não tem vacina para covid-19 no mundo, não tem lógica você pegar o imunizante e aplicar em um grupo que não é prioritário para a sociedade. Temos de aplicar nos grupos prioritários. Como é que eu vou vacinar uma pessoa que tem 25 anos e nenhum problema de saúde e deixar alguém de 65 anos sem vacina? Não faz sentido algum.

5) Existem vacinas disponíveis para venda a empresas?

Eu já falei com todos os laboratórios, e não existe. Nos outros lugares do mundo, isso não é sequer um tema de discussão.

6) Mas haverá vacinas para todos, via sistema público?

Eu tenho falado com todos os laboratórios e estamos buscando vacinas. E todos estão aumentando sua capacidade de produção. O mundo está vacinando entre 35 e 40 milhões de pessoas por dia. Em menos de 12 meses, creio que a totalidade da população global será vacinada. A questão será resolvida, mas precisamos ter resiliência neste momento.

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